Campinas, Sábado, 12 de setembro de 1998

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CRISE NA ADMINISTRAÇÃO
Para secretário, tributos deixam de ser prioridade
Iglesias prevê aumento na inadimplência de impostos

da Redação

O secretário dos Negócios Jurídicos e interino das Finanças e dos Recursos Humanos de Campinas, Álvaro César Iglesias, afirmou que vai haver um aumento da inadimplência na arrecadação de impostos devido à crise econômica.
Segundo ele, a inadimplência na cidade, principalmente do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) está em torno dos 25%.
"A crise econômica e as altas taxas de juros produzem uma restrição ao crédito. O pagamento dos tributos deixa de ser prioridade. As pessoas preferem manter o negócio a pagar o imposto", disse.
Iglesias não quis fazer uma previsão sobre o percentual de aumento na inadimplência. No ano passado, quando a taxa de juros estava em 46% ao ano, a inadimplência atingiu os 40% em Campinas. Com a crise deste ano, as taxas subiram de 19% para 49,75% ao ano.
Iglesias afirmou que a dívida da prefeitura a ser paga em um curto prazo, que é de aproximadamente R$ 200 milhões, não será afetada pelo aumento na taxa de juros. "Os juros das dívidas são pré-fixados e não serão alterados com o aumento agora", afirmou.

Pessimismo
Segundo o professor de economia internacional da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Otaviano Canuto, a tendência no mercado financeiro é uma manutenção nas altas taxas de juros por pelo menos seis meses.
Canuto afirmou que a crise atual é pior do que a ocorrida em 97. "Em outubro do ano passado a crise era localizada em um pequeno grupo de especuladores financeiros. Agora a crise é grave, ampla, o governo está tendo dificuldades de controlá-la e existe o pânico no mercado", disse.
O economista da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) Cândido Ferreira da Silva concorda com Iglesias. "A tendência é que os impostos deixem de ser pagos com a dificuldade de crédito", disse.



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