Campinas, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999

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ADMINISTRAÇÃO
Álvaro César Iglesias quer aumentar imposto de empresas para cobrir déficit
Secretário diz que prefeitura está falida e defende aumento do IPTU

Ricardo Lima/Folha Imagem
Servidores bloqueiam a avenida Anchieta, no centro de Campinas, durante protesto ontem


GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas

O secretário das Finanças de Campinas, Álvaro César Iglesias, disse ontem que a cidade está falida. A afirmação foi feita durante a audiência pública para discutir o reajuste do IPTU na cidade.
"Nós estamos financiando os débitos. Estamos com um atraso de 150 dias no pagamento dos fornecedores. Nós estamos falidos", disse.
Campinas tem uma dívida de R$ 566 milhões para um Orçamento anual estimado de R$ 679 milhões. As dívidas vencidas, que somavam R$ 65 milhões em 97, atingirão R$ 419 milhões no próximo ano.
Além disso, os servidores públicos municipais continuam em greve e completam hoje 43 dias de paralisação.
Iglesias tentou justificar a um grupo de representantes de 23 entidades o aumento de 23% a 40% do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para imóveis empresariais e comerciais.
O secretário admitiu que o aumento do imposto vai servir para cobrir um déficit de R$ 20 milhões surgido com a queda de repasses por parte do governo estadual, principalmente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
"Eu não produzo como vocês (empresas). Não existe outra forma de arrecadar dinheiro, só tributando", afirmou o secretário.

Divergência
Iglesias acusou ainda as entidades de não apoiarem o poder público quando a prefeitura precisou cortar gastos, por meio de um projeto de lei que foi derrubado pela Câmara em agosto.
"Naquela época, não houve nenhuma entidade de classe que se manifestou pelo enxugamento dos gastos municipais", afirmou secretário.
A afirmação irritou José Mário Penteado, representante do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e o vereador Sebastião Arcanjo (PT), o Tiãozinho.
"Nós não podemos aceitar essa forma de compensação. Os preços vão explodir se o aumento for feito", disse Penteado.
"Nós não aprovamos aquele projeto de cortes de benefícios porque ele foi imposto e não houve discussão", afirmou o vereador.
O vereador Luiz Carlos Rossini (PMDB), que presidiu a audiência, afirmou que a tendência da Câmara é impedir que haja aumento do IPTU para as empresas assim como para os imóveis residenciais.


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