Campinas, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999

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CPI DO NARCOTRÁFICO
Deputados desconfiam que dinheiro de quadrilha foi usado em duas campanhas do vereador
Mingone será convocado para depor

RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

O vereador José Roberto Mingone (PFL) será convocado para depor na CPI do Narcotráfico, que chega hoje a Campinas para investigar a atuação do crime organizado na cidade.
A CPI vai investigar se o vereador recebeu dinheiro do crime organizado em suas duas últimas campanhas, para vereador, em 96, e deputado federal, em 98.
Uma das principais suspeitas levantadas pela CPI é o recebimento de uma contribuição de R$ 10 mil feita pelo corretor de imóveis, Paulo Roberto Cunha Deneno, o Piau, também suspeito de envolvimento com o crime organizado.
"Conheço o Deneno há 15 anos e até encontrarem provas, desconheço qualquer tipo de ligação dele com atitudes criminosas", disse Mingone.
O vereador afirmou que Deneno foi um dos principais caixas de campanha de sua eleição em 98, quando foi candidato a deputado federal.
Segundo Mingone, Deneno foi procurado por ele para arrecadar dinheiro para a campanha.
"O Deneno é uma pessoa conhecida e com boa influência na classe empresarial", afirmou o vereador.
Deneno confirmou ter contribuído com a campanha e disse que trabalhou para o vereador. Ele havia negado à Folha ter sido caixa de campanha de Mingone.
"Não sei o motivo de estarem nos convocando para depor na CPI. O dinheiro que dei para a campanha de Mingone é totalmente legal", disse Deneno.
Mingone e Deneno afirmaram nunca ter mantido negócios com o empresário William Walder Sozza, nem conhecê-lo.
Sozza é apontado como um dos líderes de uma quadrilha de roubo de cargas e tráfico de armas.

Perseguição
O vereador Mingone afirmou ontem à Folha que o envolvimento de seu nome no escândalo do crime organizado no país é "descabido e visa atingir sua imagem política".
"Essa é uma estratégia política para prejudicar minha imagem e principalmente atingir minha pré-candidatura a prefeito da cidade", disse Mingone.
O vereador afirmou desconhecer a origem da suposta "perseguição política", mas se diz convencido de ser um fato político.
Deneno também atribuiu as duas convocações a uma "jogada política".
"É um meio que encontraram de bombardear um candidato forte", disse Deneno.
Mingone afirmou ter enviado no dia 8 de novembro um ofício aos membros da CPI, antecipando-se à convocação para depor.
"Sou o primeiro a querer provar minha inocência", disse.


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