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CPI DO NARCOTRÁFICO
Deputados desconfiam que dinheiro de quadrilha foi usado em duas campanhas do vereador
Mingone será convocado para depor
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas
O vereador José Roberto Mingone (PFL) será convocado para
depor na CPI do Narcotráfico,
que chega hoje a Campinas para
investigar a atuação do crime organizado na cidade.
A CPI vai investigar se o vereador recebeu dinheiro do crime organizado em suas duas últimas
campanhas, para vereador, em
96, e deputado federal, em 98.
Uma das principais suspeitas levantadas pela CPI é o recebimento de uma contribuição de R$ 10
mil feita pelo corretor de imóveis,
Paulo Roberto Cunha Deneno, o
Piau, também suspeito de envolvimento com o crime organizado.
"Conheço o Deneno há 15 anos
e até encontrarem provas, desconheço qualquer tipo de ligação
dele com atitudes criminosas",
disse Mingone.
O vereador afirmou que Deneno foi um dos principais caixas de
campanha de sua eleição em 98,
quando foi candidato a deputado
federal.
Segundo Mingone, Deneno foi
procurado por ele para arrecadar
dinheiro para a campanha.
"O Deneno é uma pessoa conhecida e com boa influência na
classe empresarial", afirmou o vereador.
Deneno confirmou ter contribuído com a campanha e disse
que trabalhou para o vereador.
Ele havia negado à Folha ter sido
caixa de campanha de Mingone.
"Não sei o motivo de estarem
nos convocando para depor na
CPI. O dinheiro que dei para a
campanha de Mingone é totalmente legal", disse Deneno.
Mingone e Deneno afirmaram
nunca ter mantido negócios com
o empresário William Walder
Sozza, nem conhecê-lo.
Sozza é apontado como um dos
líderes de uma quadrilha de roubo de cargas e tráfico de armas.
Perseguição
O vereador Mingone afirmou
ontem à Folha que o envolvimento de seu nome no escândalo do
crime organizado no país é "descabido e visa atingir sua imagem
política".
"Essa é uma estratégia política
para prejudicar minha imagem e
principalmente atingir minha
pré-candidatura a prefeito da cidade", disse Mingone.
O vereador afirmou desconhecer a origem da suposta "perseguição política", mas se diz convencido de ser um fato político.
Deneno também atribuiu as
duas convocações a uma "jogada
política".
"É um meio que encontraram
de bombardear um candidato
forte", disse Deneno.
Mingone afirmou ter enviado
no dia 8 de novembro um ofício
aos membros da CPI, antecipando-se à convocação para depor.
"Sou o primeiro a querer provar
minha inocência", disse.
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