Campinas, Sexta, 13 de agosto de 1999

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ADMINISTRAÇÃO
Comprovação pode obrigar presidente e diretores a devolver R$ 236 mil
Promotoria apura pagamento de supersalários pela Sanasa

Marcos Peron/Folha Imagem
Funcionários da Sanasa se reúnem em assembléia em Campinas


MARCO BENATTI
editor-assistente da Folha Campinas
DENIZE ASSIS
free-lance para a Folha Campinas

O Ministério Público estadual instaurou inquérito civil para apurar irregularidades na folha de pagamento da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A).
A empresa é acusada de ter pago supersalários ao presidente e cinco diretores nos anos de 96 e 97. A apuração se baseia em parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Caso seja comprovado o pagamento de supersalários e também jetons irregulares, os diretores terão de devolver o valor pago a mais aos cofres públicos.
Somente com os salários dos três membros da diretoria, a Sanasa gastou R$ 236,5 mil a mais em 97, segundo o parecer do TCE. No mesmo ano, o atual presidente, Roberto Corchetti, recebeu R$ 20.442,28 além do teto estabelecido por lei, de R$ 6.600 por mês.
A Lei Orgânica do Município limita os salários de presidentes e de diretores de autarquias à remuneração de secretários ou diretores de departamentos da prefeitura.
Segundo os dados do TCE, 16% da folha de pagamento da empresa são destinados para os salários de 86 funcionários em cargo de chefia. Os assessores especiais recebem 1,2% da folha.

Gastos
A Sanasa gasta atualmente cerca de R$ 797 mil por mês com o pagamento dos funcionários em cargo de chefia. A receita média mensal da empresa é de R$ 11,1 milhões e a folha de pagamento consome cerca de R$ 5,5 milhões.
Os dados são da própria Sanasa e foram enviados à Câmara Municipal em resposta a um requerimento dos vereadores da CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investiga possíveis irregularidades nas finanças da Prefeitura de Campinas.
A investigação do Ministério Público atende a uma representação do deputado estadual Renato Simões (PT), protocolado em 5 de junho deste ano.
A diretoria da empresa informou que cumpre deliberação de uma assembléia de acionistas realizada em 91. "Qualquer que seja a decisão da Justiça, a diretoria vai acatar", disse Corchetti, por meio de sua assessoria de imprensa.

Crise
Enquanto a Promotoria apura as denúncias dos possíveis supersalários, a Sanasa, que vive uma grave crise financeira, anunciou um plano de demissão voluntária.
A empresa não informou quantas adesões pretende com o plano. Até agora foram registradas 60 adesões. A Sanasa informou que o número esperado é "bem maior".
Segundo a empresa, outros 268 trabalhadores sem concurso serão dispensados a partir de setembro.
O Sindae (Sindicato dos Trabalhadores da Sanasa) tentou negociar essas demissões com a empresa no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) ontem. Na reunião, ficou definido um plano de demissão incentivada para dispensar esses funcionários até julho do ano que vem.



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