Campinas, Segunda-feira, 16 de Abril de 2001

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AMBIENTE
O prefeito Edson Moura diz que foi mal interpretado e nega desapropriação das chácaras no Recanto dos Pássaros
Paulínia descarta área a vítimas da Shell

ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

O prefeito de Paulínia, Edson Moura (PMDB), descartou a possibilidade de a prefeitura comprar as chácaras ou disponibilizar uma área pública para acolher os moradores do bairro Recanto dos Pássaros, cujo solo e a água foram contaminados por pesticidas pela empresa Shell.
"A desapropriação é um problema da Shell", disse Moura.
A desapropriação da área do bairro foi sugerida por Moura durante audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado, na última quarta-feira.
"Sugeri que a Shell comprasse os terrenos do bairro", afirmou o prefeito.
Ele disse que tanto o secretário municipal do Meio Ambiente, Henrique Padovani, como os moradores do bairro entenderam errado sua declaração.
Padovani chegou a dizer que a desapropriação facilitaria a recuperação da área contaminada pela multinacional.
Na sexta-feira, os moradores se reuniram para discutir como seria feita a desapropriação.
O resultado da reunião seria comunicado ao prefeito em reunião a ser marcada hoje.
De acordo com o representante da associação de moradores do bairro, Paulo de Souza, oito famílias devem deixar o local, independentemente da decisão do prefeito.
Duas famílias devem deixar hoje o local. Elas dizem se sentir incomodadas morando em uma área contaminada.
De acordo com Moura, a única medida adotada pela prefeitura diz respeito ao decreto, assinado por ele, que determina o acompanhamento da saúde dos moradores e a realização dos exames clínicos e laboratoriais.
"Caso seja confirmada a contaminação no organismo daquelas pessoas, vou determinar a evacuação da área", disse Moura.
A Shell Brasil afirma que não há necessidade de remover os moradores porque os laudos obtidos pela empresa atestam que eles não correm riscos de saúde.
A empresa não cogita comprar as chácaras.
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve em Paulínia anteontem, mas não foi até o Recanto dos Pássaros.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Ricardo Trípoli, disse anteontem, durante encontro de evangélicos em Paulínia, que a sua secretaria vem acompanhando o caso Shell desde 94, por meio da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Depois de admitir erro de avaliação em 95, a Cetesb determinou que a Shell retire 1.200 toneladas de solo contaminado do bairro e a ampliação da contenção hidráulica para a área das chácaras.
Para Trípoli, a responsabilidade pela saúde das pessoas que moram no bairro é da Shell.
"Eu não tenho tenho dúvidas de que a Shell fez a autodenúncia para se precaver. Nosso trabalho, com a Cetesb, é assessorar o Ministério Público", disse.


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