|
Próximo Texto | Índice
AMBIENTE
O prefeito Edson Moura diz que foi mal interpretado e nega desapropriação das chácaras no Recanto dos Pássaros
Paulínia descarta área a vítimas da Shell
ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS
O prefeito de Paulínia, Edson
Moura (PMDB), descartou a possibilidade de a prefeitura comprar
as chácaras ou disponibilizar uma
área pública para acolher os moradores do bairro Recanto dos
Pássaros, cujo solo e a água foram
contaminados por pesticidas pela
empresa Shell.
"A desapropriação é um problema da Shell", disse Moura.
A desapropriação da área do
bairro foi sugerida por Moura durante audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado, na
última quarta-feira.
"Sugeri que a Shell comprasse
os terrenos do bairro", afirmou o
prefeito.
Ele disse que tanto o secretário
municipal do Meio Ambiente,
Henrique Padovani, como os moradores do bairro entenderam errado sua declaração.
Padovani chegou a dizer que a
desapropriação facilitaria a recuperação da área contaminada pela multinacional.
Na sexta-feira, os moradores se
reuniram para discutir como seria feita a desapropriação.
O resultado da reunião seria comunicado ao prefeito em reunião
a ser marcada hoje.
De acordo com o representante
da associação de moradores do
bairro, Paulo de Souza, oito famílias devem deixar o local, independentemente da decisão do
prefeito.
Duas famílias devem deixar hoje o local. Elas dizem se sentir incomodadas morando em uma
área contaminada.
De acordo com Moura, a única
medida adotada pela prefeitura
diz respeito ao decreto, assinado
por ele, que determina o acompanhamento da saúde dos moradores e a realização dos exames clínicos e laboratoriais.
"Caso seja confirmada a contaminação no organismo daquelas
pessoas, vou determinar a evacuação da área", disse Moura.
A Shell Brasil afirma que não há
necessidade de remover os moradores porque os laudos obtidos
pela empresa atestam que eles
não correm riscos de saúde.
A empresa não cogita comprar
as chácaras.
O governador do Estado de São
Paulo, Geraldo Alckmin, esteve
em Paulínia anteontem, mas não
foi até o Recanto dos Pássaros.
O secretário de Estado do Meio
Ambiente, Ricardo Trípoli, disse
anteontem, durante encontro de
evangélicos em Paulínia, que a
sua secretaria vem acompanhando o caso Shell desde 94, por meio
da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Depois de admitir erro de avaliação em 95, a Cetesb determinou
que a Shell retire 1.200 toneladas
de solo contaminado do bairro e a
ampliação da contenção hidráulica para a área das chácaras.
Para Trípoli, a responsabilidade
pela saúde das pessoas que moram no bairro é da Shell.
"Eu não tenho tenho dúvidas de
que a Shell fez a autodenúncia para se precaver. Nosso trabalho,
com a Cetesb, é assessorar o Ministério Público", disse.
Próximo Texto: Assembléia vota CPI amanhã Índice
|