|
Próximo Texto | Índice
SOB SUSPEITA
Comissão dos Direitos Humanos considera o conteúdo da "Humanus" anti-semita; editora nega acusações
Assembléia analisa suposto neonazismo
ADEMAR MARTINS FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de
São Paulo informou ontem que
deve apurar a acusação de anti-semitismo supostamente cometida
pela revista "Humanus", publicada pela editora Sama, de Campinas.
O presidente da comissão, Renato Simões (PT), afirmou que
também repassou as informações
para o Gradi (Grupo de Repressão e Análise de Delitos de Intolerância) da Secretaria da Segurança Pública.
Simões afirmou ontem, por
meio da sua assessoria de imprensa, que um grupo de avaliação da
Comissão de Direitos Humanos
concluiu, no último mês de abril,
que a "revista possui conteúdo
neonazista".
A editora Sama, responsável pela publicação da "Humanus",
contestou que a revista tenha conteúdo neonazista.
A empresa informou, por meio
de nota, que a revista não faz apologia ao anti-semitismo.
O caso é investigado há cerca de
três meses pelo 1º Distrito Policial
de Campinas a pedido do Ministério Público Federal. A Promotoria recebeu a acusação de um estudante, que considerou discriminação contra judeus a edição
deste ano da revista "Humanus".
A revista traz artigos sobre a
uma suposta semelhança entre o
judaísmo e o nazismo, segundo a
representação ao Ministério Público. Na capa, a revista traz uma
fotomontagem que reúne imagens do ditador Adolph Hitler
(1888-1945) e do físico Albert
Einstein (1879-1955).
O filósofo responsável para fazer a avaliação da "Humanus" na
comissão, Arnaldo Valentim Silva, 30, disse ontem, que em uma
primeira avaliação, a revista faz
uma série de "colagens" de textos
de teóricos e tenta divulgar idéias
anti-semitas.
"A revista atua de maneira muito sutil na divulgação de suas
idéias, o que torna difícil a percepção do seu teor preconceituoso",
disse Silva.
A Comissão de Direitos Humanos informou que deve contatar
hoje a sua advogada para juntar
documentos e tomar medidas legais contra a publicação.
Para o deputado Simões, a revista se vale da ciência para corroborar uma postura preconceituosa e reacionária. "Na minha opinião, a "Humanus" apresenta suas
idéias preconceituosas sob um
pseudo manto de validação científica", afirmou.
A comissão informou também
que está acompanhando o andamento do inquérito no 1º DP.
Precaução
O estudante de direito da Unip
(Universidade Paulista) que foi o
autor da representação no Ministério Público Federal de Campinas afirmou ontem que a medida
foi adotada assim que ele teve
acesso à revista.
"Eu a considerei ofensiva aos judeus", disse o estudante, que pediu para não ter seu nome divulgado por temer represálias.
O delegado responsável pelo caso, Miguel Voigt, disse que a previsão para o encerramento do inquérito é de dois meses. Voigt não
quis comentar o andamento do
inquérito porque a divulgação
pode atrapalhar as investigações,
segundo ele.
Próximo Texto: "Humanus" tem textos polêmicos e custa R$ 30 Índice
|