ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas

O pagamento irregular de aposentadorias a 40 contribuintes de Campinas provocou um prejuízo de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos, segundo apuração da inspetoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de São Paulo. Pelo menos oito dos contribuintes são "laranjas" (não sabiam da fraude) e moram em Campinas.
A fraude está sendo investigada pela inspetoria, que descobriu que os pagamentos foram feitos nos últimos seis anos.
O auditor e inspetor-geral do Ministério da Previdência Social, Paulo César Nascimento Costa, disse que a ex-gerente regional do INSS em Campinas, Alzira Lourenzi Luciano, é a principal suspeita pelas fraudes em pelo menos oito casos. Ela nega.
A investigação teve início em 26 de abril, quando o órgão recebeu denúncia de que o INSS de Campinas estava emitindo irregularmente o PAB (Pagamento Alternativo de Benefício).
O PAB é um mecanismo alternativo de pagamento de aposentadoria, feito apenas quando o aposentado não recebe a contribuição em determinado mês e vai ao posto reclamar o seu direito.
Ao constatar a falta do depósito, o chefe do posto do INSS expede uma autorização para que o pagamento seja depositado em conta no Banco do Brasil.
O coordenador da inspetoria de São Paulo, Paulo Roberto Estevam de Amorim, disse, por meio da assessoria de imprensa, que dos 40 casos constatados, em oito ficou comprovado que o beneficiado não recebia o dinheiro, ou seja, era usado como "laranja".
A investigação deve continuar nos próximos dois meses. Segundo o inspetor-geral, os nomes dos "laranjas" só serão divulgados quando o processo for entregue à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Está sendo feita outra auditoria no INSS da cidade, para apurar outras fraudes. A ex-gerente regional de Campinas disse que a auditoria investiga 1.041 aposentadorias fantasmas, mas o INSS não confirma a informação dessa quantidade de casos.
A procuradora da República em Campinas Luciana Guarnieri, abriu investigação ontem para apurar em conjunto com a auditoria do INSS as aposentadorias fantasmas.
Segundo a procuradora, a ex-gerente será chamada para depor sobre o caso. "Vamos acompanhar o resultado da auditoria para tomar uma ação penal contra os responsáveis pela fraude."
Desde março, o Ministério Público Federal investiga a chefe da concessão de benefícios em Valinhos, Maria Aparecida Freire, acusada de prometer benefícios a eleitores quando foi candidata a vereadora pelo PL em 96. Ela nega a acusação.



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