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SAÚDE
Doentes pagam por medicamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão; DIR e ministério apontam ilegalidade
HC cobra remédio de paciente do SUS
LUCIANA CAVALINI
da Reportagem Local
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o maior estabelecimento
de saúde pública da região, está cobrando de pacientes que retiram
medicamentos em sua farmácia.
Segundo o HC, a cobrança acontece apenas quando o paciente tem
condições de pagar. Para determinar quem paga pelo remédio, assistentes sociais do hospital fazem
uma triagem entre os doentes.
O diretor da DIR (Direção Regional da Saúde) de Ribeirão Preto,
Luiz Benjamin Trivellato, afirma
que a cobrança é irregular.
"O hospital pode não ter obrigação de distribuir, mas também não
pode selecionar quem vai pagar."
Segundo ele, mesmo que os medicamentos distribuídos não sejam enviados pelo Estado ou pelo
Ministério da Saúde, eles são comprados e fabricados com verbas
provenientes do poder público.
"Devemos auditar o Hospital das
Clínicas, inclusive para checar se a
farmácia tem licença para fabricar
remédios", disse.
A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou que a
realização de triagem entre os pacientes para definir quem deve pagar pelo medicamento fere o princípio da universalidade do SUS.
O Ministério Público de Ribeirão
também informou que deve investigar a cobrança de medicamentos.
Dos cerca de 200 medicamentos
distribuídos pela farmácia do HC
em Ribeirão, 120 são fabricados no
próprio local e os demais são comprados com verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) e do Estado.
"Todas as pessoas atendidas passam por uma triagem que detecta
quem tem condições de pagar",
afirma o superintendente do HC,
Marcos Felipe Silva de Sá.
Na triagem, os pacientes são divididos em cinco categorias. De
acordo com a classificação, o paciente pode pagar o total do valor
de custo do medicamento, 50%,
20%, 10% ou ser liberado da taxa.
Não é emitido recibo no ato do
pagamento. Segundo levantamento do hospital, no 2º trimestre deste ano, a farmácia vendeu 77 mil
remédios, o equivalente a 5,3% do
total. Os outros 1,4 milhão de medicamentos foram doados.
De acordo com Sá, foi publicada
há três meses uma norma de serviço estabelecendo as regras de atendimento e cobrança na farmácia.
Segundo o HC, foram gastos R$
234.023,17 na manutenção da farmácia de janeiro a agosto de 98.
A aposentada Sebastiana Luiz de
Souza, 53, diz ter pago R$ 1,80 na
retirada de Cimetidina. Ela afirma
que ganha um salário mínimo.
"Em outra vez, paguei R$ 2,80
por um remédio. É um gasto que
não poderia ter", afirma.
O aposentado Ulisses Ricardo da
Cruz Silvestre pagou ontem R$ 7
na compra de seis cartelas do antibiótico Cefalexina com oito comprimidos cada. Ele afirma que ganha três salários mínimos por mês.
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