Campinas, Sexta, 19 de fevereiro de 1999

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EDUCAÇÃO
Com a medida, a prefeitura conseguiu matricular 25 mil crianças; em 1998, a rede tinha 22 mil alunos
'Rodízio' de creche inclui 3.000 crianças

LUCIANA FINAZZI
da Folha Campinas

Pelo menos 3.000 crianças de um total de 25 mil entre 4 e 6 anos devem participar de um "rodízio" de aulas e ficar somente meio período nas creches da rede municipal de ensino de Campinas.
Segundo divulgou a Secretaria da Educação da cidade, somente 144 das 1.336 crianças de 4 a 6 anos que pleiteavam período integral nas creches conseguiram vagas.
No final do ano passado, a Secretaria da Educação cortou meio período das crianças entre 4 e 6 anos para conseguir matricular os 9.500 alunos que estavam na lista de espera por vagas.
Uma decisão judicial determinou a aplicação de multa diária de R$ 31.500 à Prefeitura de Campinas, caso as 9.500 crianças estivessem fora da creche.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação, com as matrículas das 144 crianças em período integral, esgota-se a capacidade de atendimento da rede municipal.
Pelo Orçamento deste ano, a prefeitura não deverá investir na educação em 99.
Além de não ter dinheiro para a construção de prédios, a prefeitura alega que também não tem verbas para a contratação de monitores para as creches.
Para selecionar as crianças que tiveram direito a frequentar as creches em período integral, a prefeitura utilizou alguns critérios.
Entre eles, crianças cujos pais abriram processo na Vara da Infância e da Juventude ou tenham alguma notificação no Conselho Tutelar.
"Normalmente, as crianças que têm alguma notificação na Justiça estão enquadradas em situação de risco", disse o assessor técnico da Secretaria da Educação, Jeferson de Oliveira Souza.
De acordo com ele, são analisadas também famílias que recebam ajuda financeira da prefeitura ou que sejam monoparentais (têm somente o pai ou a mãe).
"O estado de nutrição da criança também foi analisado", disse.
De acordo com o assessor técnico da secretaria, das 1.336 famílias que se cadastraram para obter o período integral nas creches, 12,94% têm renda mensal acima de R$ 1.614.
Outras 33,38% pertencem à classe média baixa e recebem entre R$ 450 e R$ 844.
As demais famílias, ou 53,6% dos cadastrados, pertencem à classe baixa e têm uma renda mensal entre um salário mínimo e R$ 450.
"A secretaria somente concedeu o direito à matrícula para as crianças que pertenciam às classes mais baixas", disse Souza.
A coordenadora de Educação Infantil da Prefeitura de Campinas, Regina Otília, afirmou ontem que a secretaria deve chamar as crianças na lista de espera à medida em que alunos desistirem de frequentar as creches.



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