Campinas, Quinta-feira, 19 de Abril de 2001

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DIPLOMACIA
Ministério das Relações Exteriores recebeu carta de casal; eles querem a filha de 11 anos, que vive em Cuba
Itamaraty avalia o caso dos cubanos

MÁRIO TONOCCHI
DA FOLHA ONLINE

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, em Brasília, avalia a possibilidade de "uma intervenção humanitária" junto ao governo de Fidel Castro para que a filha do casal cubano Vicente Becerra Sablón, 38, e Zaida Jova Aguila, 38, moradores de Campinas, visite os pais.
O Itamaraty recebeu anteontem um documento assinado pelo casal solicitando a intermediação do governo brasileiro para que Sandra, 11, saia de Cuba para visitar os pais no Brasil.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o Itamaraty está, no momento, averiguando a situação da família junto às autoridades cubanas -repensáveis pela saída ou não da menina do país.
O casal, que faz pós-graduação na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) há quatro anos, já recebeu do Itamaraty o "visto de reunião familiar", no dia 29 de agosto do ano passado.
O entrave para a saída de Sandra de Cuba está no próprio governo daquele país. A família disse que já fez cinco pedidos para que a filha pudesse vir para o Brasil, mas todos foram negados.
No último pedido, respondido no final do ano passado, o governo cubano informou que a vinda de Sandra para o Brasil poderia prejudicar seus estudos e que a permissão para a saída da criança seria "um mal exemplo".
"Espero que a carta que enviamos ao Itamaraty nos ajude para que nossa filha possa viver no Brasil. Estamos otimistas", declarou Sablón.
O cubano veio para o Brasil para fazer mestrado e doutorado em engenharia elétrica, e Zelda, em engenharia química. Há três anos, nasceu o segundo filho do casal, conferindo-lhes nacionalidade brasileira.
"Talvez nossa vinda para o Brasil para estudar possa ter motivado a proibição do governo cubano. Eles preferem que fiquemos por lá", disse o cubano.
Sablón se preocupa com a repercussão do caso em Cuba e afirma que sua briga não é política, mas pessoal.
"Não temos nada contra o governo de Cuba. Pelo contrário, ele é bom em áreas como educação e saúde. Nós só queremos que nossa filha possa ficar conosco no Brasil", afirmou.
Mobilizados com a situação do casal, alunos da Unicamp estão fazendo um abaixo-assinado para a liberação da menina. O documento deverá ser enviado por eles para Fidel Castro, em Cuba.
A Unicamp informou, na semana passada, que não vai intervir no caso, pois é responsável apenas pelos estudos do casal.


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