Campinas, Quarta, 19 de maio de 1999

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CEI da Emdec apura esquema de falsificação para habilitar peruas

GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas

A CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada na Câmara Municipal para investigar irregularidades administrativas na Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) começa a apurar um esquema de compra de documentos para a habilitação de peruas em Campinas.
O perueiro João Carlos Domingos presta depoimento hoje, às 9h, e pretende mostrar uma possível participação de despachantes, de funcionários da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) na falsificação ou adulteração de documentos para a habilitação de peruas.
Domingos afirmou ontem à Folha que possui uma fita cassete que revelaria uma negociação com um intermediador para a falsificação de documentos. Segundo ele, a pessoa cobrava R$ 1.800 para fazer um documento no nome do perueiro. "Alguns perueiros não podiam ter veículos em seus nomes e colocavam em nomes de outras pessoas. Mas, para participar da licitação, era necessário que o veículo fosse dele. O esquema permitia que o veículo fosse transferido para o nome do perueiro", disse.
Ele não revelou com quem foi feita a negociação e qual despachante estaria envolvido. "Eu mostro amanhã (hoje) no depoimento à CEI", afirmou.
Além do documento do veículo, alguns perueiros de outras cidades compravam contas de luz em seus nomes por até R$ 60. Com o documento, eles comprovariam residência na cidade, conforme exigia também o processo de licitação.
A CPFL nega o esquema.
"Eu estou fazendo um levantamento dos veículos e pretendo entregar tudo para a CEI", afirmou Domingos. Segundo ele, pelo menos 24 peruas estariam irregulares. "Elas foram filmadas e algumas inclusive possuem queixa de roubo", afirmou Domingos.
O vereador Sebastião Arcanjo (PT), o Tiãozinho, presidente da CEI, afirmou que as denúncias são graves e que isso o levou a optar pela convocação do perueiro. "Se as denúncias forem confirmadas, podemos estar diante de um esquema de corrupção semelhante ao ocorrido em São Paulo", disse.
Além do esquema, a CEI investiga aumentos de até 221,8% nos valores de contratos feitos pela Emdec em relação ao último ano da administração do PSDB, em 96.
Segundo Tiãozinho, a CEI vai investigar ainda os contratos feitos com empresas para a realização de estudos técnicos, que seriam os que apresentariam maiores variações.
Após o depoimento de Domingos, a CEI do IPTU vai ouvir os representantes do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) Douglas Vargas e Percilino Vieira Lopes.
Eles serão questionados sobre os aluguéis pagos pela Emdec para os imóveis utilizados pela empresa. Os depoimentos serão encerrados com o diretor financeiro da Emdec, José Luiz Lavorente.



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