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CEI da Emdec apura esquema de falsificação para habilitar peruas
GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas
A CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada na Câmara Municipal para investigar irregularidades
administrativas na Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) começa a
apurar um esquema de compra de
documentos para a habilitação de
peruas em Campinas.
O perueiro João Carlos Domingos presta depoimento hoje, às 9h,
e pretende mostrar uma possível
participação de despachantes, de
funcionários da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e da
Ciretran (Circunscrição Regional
de Trânsito) na falsificação ou
adulteração de documentos para a
habilitação de peruas.
Domingos afirmou ontem à Folha que possui uma fita cassete que
revelaria uma negociação com um
intermediador para a falsificação
de documentos. Segundo ele, a
pessoa cobrava R$ 1.800 para fazer
um documento no nome do perueiro. "Alguns perueiros não podiam ter veículos em seus nomes e
colocavam em nomes de outras
pessoas. Mas, para participar da licitação, era necessário que o veículo fosse dele. O esquema permitia
que o veículo fosse transferido para o nome do perueiro", disse.
Ele não revelou com quem foi
feita a negociação e qual despachante estaria envolvido. "Eu mostro amanhã (hoje) no depoimento
à CEI", afirmou.
Além do documento do veículo,
alguns perueiros de outras cidades
compravam contas de luz em seus
nomes por até R$ 60. Com o documento, eles comprovariam residência na cidade, conforme exigia
também o processo de licitação.
A CPFL nega o esquema.
"Eu estou fazendo um levantamento dos veículos e pretendo entregar tudo para a CEI", afirmou
Domingos. Segundo ele, pelo menos 24 peruas estariam irregulares.
"Elas foram filmadas e algumas inclusive possuem queixa de roubo",
afirmou Domingos.
O vereador Sebastião Arcanjo
(PT), o Tiãozinho, presidente da
CEI, afirmou que as denúncias são
graves e que isso o levou a optar
pela convocação do perueiro. "Se
as denúncias forem confirmadas,
podemos estar diante de um esquema de corrupção semelhante
ao ocorrido em São Paulo", disse.
Além do esquema, a CEI investiga aumentos de até 221,8% nos valores de contratos feitos pela Emdec em relação ao último ano da
administração do PSDB, em 96.
Segundo Tiãozinho, a CEI vai investigar ainda os contratos feitos
com empresas para a realização de
estudos técnicos, que seriam os
que apresentariam maiores variações.
Após o depoimento de Domingos, a CEI do IPTU vai ouvir os representantes do Creci (Conselho
Regional de Corretores de Imóveis) Douglas Vargas e Percilino
Vieira Lopes.
Eles serão questionados sobre os
aluguéis pagos pela Emdec para os
imóveis utilizados pela empresa.
Os depoimentos serão encerrados
com o diretor financeiro da Emdec, José Luiz Lavorente.
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