Campinas, Terça-feira, 21 de Agosto de 2001

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CASO SHELL

Secretário afirma que 70% dos moradores apresentam intoxicação

Relatório pede remoção de famílias

DA FOLHA CAMPINAS

A Secretaria Municipal da Saúde de Paulínia entrega hoje ao prefeito da cidade, Edson Moura (PMDB), o relatório final dos exames feitos nos moradores do bairro Recanto dos Pássaros.
O documento pede a intervenção da área e remoção imediata de todos os moradores do bairro.
Segundo o secretário municipal da Saúde de Paulínia (17 km de Campinas), José Nino Meloni, 86% dos 181 moradores examinados têm algum tipo de contaminante no organismo -metal pesado ou drins.
No entanto 70% da população que se submeteu ao exame está intoxicada, segundo o secretário.
Os exames laboratoriais patrocinados pela prefeitura foram realizados pelo Ceatox (Centro de Análises toxicológicas) da Unesp (Universidade Estadual Paulista), de Botucatu (SP).
Os moradores querem deixar o local, mas afirmam não ter condições financeiras.
O prefeito quer negociar com a Shell a remoção dos moradores. Moura se comprometeu a remover os moradores, caso a empresa não queira fazê-lo, mas afirmou que vai cobrar da Shell na Justiça.
De acordo com o secretário, a remoção é necessária para que o tratamento possa ser realizado.
Os exames serão entregues aos moradores a partir da próxima semana, individualmente. O calendário com o dia exato ainda não foi definido, de acordo com o secretário da Saúde.
Uma copia do relatório será enviada pela prefeitura ao Ministério Público e à Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
As investigações sobre a saúde dos moradores do Recanto dos Pássaros estão sendo feitas separadamente do inquérito sobre a contaminação do ambiente.
A Shell Brasil realizou exames em 159 pessoas, entre moradores e ex-moradores do bairro.
Com base nos exames realizados pelos laboratórios Fleury e o norte-americano ABC, a empresa descartou a contaminação na população examinada.
Em entrevista anterior à Folha, o prefeito afirmou que apenas 30 pessoas fizeram exames com a Shell e com a prefeitura.
O relatório com o índice de contaminados está sendo aguardado pela Shell Brasil, responsável pela contaminação do bairro.
Em 94, a empresa protocolou uma autodenúncia no Ministério Público de Paulínia, na qual apontava sua responsabilidade pela contaminação.
A empresa, que atuou em Paulínia entre 74 e 93, iniciou o processo de descontaminação na área após assinar um acordo com a Promotoria, em 95.
A multinacional informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar sobre a remoção dos moradores depois que tiver conhecimento do documento.
A Shell está convocando os funcionários que trabalharam no centro industrial de Paulínia de 1977 a 1995 para "participarem, em caráter voluntário e sem qualquer ônus, de um programa de avaliação do estado de saúde".
De acordo com a empresa, o programa "consiste em check-up individual a ser realizado em serviço médico localizado em Campinas". O programa estará disponível por quatro meses.


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