Campinas, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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INFÂNCIA PERDIDA

Irmão diz que não vê Laerte Orpinelli há dez anos; ex-namorada foi visitá-lo em Rio Claro
Família está chocada com confissões

Marcos Peron/Folha Imagem
Antonio Carlos Orpinelli, irmão de Laerte Orpinelli, na janela de sua casa em Araras, ontem


LUCIANO CALAFIORI
da Folha Campinas

As confissões de oito mortes de crianças pelo engraxador de portas e andarilho Laerte Patrocínio Orpinelli, 48, chocaram parte de sua família que mora em Araras (74 km de Campinas).
Os familiares acreditam na confissão, mas se dizem surpresos com as atitudes do engraxador. Segundo eles, Laerte Orpinelli sempre foi pacato quando residia com a família.
Um dos irmãos -são nove ao todo-, o aposentado Antonio Carlos Orpinelli, 45, disse que prefere não acompanhar o caso.
""Estou há dez anos sem vê-lo e não quero reencontrá-lo agora", disse o irmão.
O aposentado afirmou que a família está chocada e que nunca imaginou passar pelo pavor de ver um dos membros dos Orpinelli acusado de ser assassino de crianças.
Um outro membro da família, que pediu para não ser identificado, disse à Folha estar assustado e revoltado com as informações veiculadas na imprensa afirmando que Laerte poderia ser um dos maiores matadores do Brasil.
A ex-namorada do engraxador, Sidinei Aparecida Martins, esteve ontem com ele. De acordo com policiais que acompanharam o encontro, Laerte pediu desculpas pelas mortes. A namorada pediu que ele ajudasse a polícia.

Comportamento
A maneira de agir de Laerte Patrocínio Orpinelli tem intrigado os policiais que acompanham o caso em Rio Claro.
Durante os interrogatórios, Orpinelli chegava a zombar dos policiais e até provocá-los.
Num dos depoimentos, o engraxador disse a uma policial que ela ficava muito sexy com a arma guardada no coldre de segurança.
Em outros momentos, disse a um investigador que daria canseira para apontar onde escondeu os corpos de duas de suas vítimas em Rio Claro.
De acordo com a direção da Clínica Sayão em Araras, onde são tratados doentes mentais, Orpinelli sofre de psicopatia.
O engraxador chegou a ser internado por várias vezes entre os anos de 1967 e 93. Desde 93, o suspeito nunca mais voltou para a clínica para continuar sua terapia.

Hematomas
Anteontem, quando levou os policiais para possíveis locais onde teria enterrado as crianças em Rio Claro, Orpinelli apresentava hematomas no rosto e marcas de um possível espancamento.
Policiais de Rio Claro disseram que, durante as diligências feitas na mata, Orpinelli teria caído várias vezes no chão e se machucado.


Colaborou Ricardo Brandt, free-lance para a Folha Campinas

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