Campinas, Sábado, 22 de maio de 1999

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Chico extingue seis secretarias e propõe corte de 400 assessores

GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas

O prefeito de Campinas, Francisco Amaral (PPB), extinguiu ontem seis secretarias, exonerou dois secretários e decidiu demitir 400 funcionários comissionados na próxima semana.
O pacote de medidas, que manteve a possibilidade de demissão de 1.700 funcionários estáveis, visa reduzir em R$ 9 milhões o déficit mensal de R$ 11,7 milhões da prefeitura.
Mário Orlando Galvês de Carvalho, apontado pelo próprio Chico como seu "braço direito", foi exonerado do comando do Gabinete e deixa o governo após dois anos e cinco meses.
A secretaria será extinta, juntamente com a Secretaria de Projetos Especiais. O secretário dessa pasta, Marco Antonio Pires Rocha, também deixa o governo.
Quatro outras secretarias extintas serão fundidas. A de Esportes será anexada à da Cultura e Turismo. A do Meio Ambiente será fundida à do Planejamento e a da Cidadania à dos Negócios Jurídicos.
A Secretaria de Operações, criada a partir da já extinta Gerência da Cidade, será fundida à Secretaria de Obras e Serviços Urbanos. O titular da pasta será Carlos Augusto Santoro, que havia pedido demissão 15 dias atrás.

Salários
Todos os secretários das pastas fundidas devem ser mantidos na prefeitura como diretores e terão seus salários reduzidos.
Com essas medidas, Chico pretende reduzir em R$ 1 milhão o déficit mensal.
Os outros R$ 8 milhões serão reduzidos com demissões de comissionados, de 1.700 servidores não-estáveis e com o corte de benefícios dos servidores restantes, segundo o secretário das Finanças e dos Recursos Humanos, Álvaro César Iglesias.
Os cortes dos benefícios serão feitos por meio de projetos que foram retirados da Câmara e que serão novamente enviados. Caso os projetos não sejam aprovados, haverá a demissão de estáveis.

Surpresa
A demissão de Carvalho, principal articulador político de Chico e considerado o "número dois" na prefeitura, causou surpresa ontem à tarde.
Oficialmente, segundo o prefeito, Carvalho saiu para facilitar as decisões de Chico. No entanto, a Folha apurou que ele, já desgastado com o prefeito, se recusou a assumir a Diretoria de Recursos Humanos, como Chico propôs.
O secretário das Finanças e dos Recursos Humanos chegou a propor o desmembramento de sua pasta, criando a Secretaria dos Recursos Humanos para ser ocupada por Carvalho.
Chico se negou a aceitar a proposta. Iglesias teria chegado a pedir demissão, mas recuou e continua na secretaria. Ele se nega a falar sobre o assunto.
Procurado ontem por telefone e em sua casa, Carvalho não foi localizado até as 21h15.

Mudanças
O prefeito afirmou ainda que estuda a extinção da IMA (Informática dos Municípios Associados) e a revisão de contratos com empresas terceirizadas.
"Eu tenho autorização da Câmara há 20 anos, desde o meu primeiro mandato, para extinguir a IMA e ainda não decidi. Mas não afasto a possibilidade", disse o prefeito.
Segundo Chico, funcionários comissionados que possuem altos salários e aposentados que ainda trabalham na prefeitura devem ser os primeiros demitidos.
Questionado sobre quem assumiria a articulação do Executivo com a Câmara, papel feito antes por Carvalho, Chico disse que seria ele. "Francisco Amaral vai fazer esse papel", afirmou.

Opiniões
Para o líder do governo, Antonio Rafful (PPB), a decisão do prefeito será cumprida e foi acertada.
Carlos Cruz (PMDB), vice-prefeito de Campinas, antigo desafeto de Carvalho, afirmou que estava contente com a posição de Chico.
Já para Iglesias, a decisão tomada pelo prefeito superou o proposto inicialmente.
"Ele corta além do necessário em detrimento da cidade e pode até mesmo criar dificuldades operacionais", disse.
Mesmo com os anúncios, os servidores da Saúde e do Hospital Mário Gatti decidiram ontem continuar em greve. Eles estão parados há nove dias.
Já os funcionários da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A) aceitaram os 4% de aumento proposto pela empresa e fizeram um acordo para não entrar em greve.



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