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AMBIENTE
Moradores de Paulínia dizem acreditar que possibilidade de compra do terreno seria uma "manobra" da empresa
Shell estuda comprar área contaminada
DA FOLHA CAMPINAS
A Shell Brasil anunciou que pode comprar a área contaminada
por drins (pesticidas) no bairro
Recanto dos Pássaros, em Paulínia (17 km de Campinas).
O anúncio, feito pelo vice-presidente da empresa, Gilbert Landsberg, durante reunião com moradores no Rio, foi confirmado ontem pela Shell, por meio de sua assessoria de imprensa.
No entanto a empresa informou
que a possibilidade de compra da
área contaminada é remota, pois
só seria realizada se não fosse possível a descontaminação do solo e
da água do bairro.
A empresa não informou quanto pagaria pelas 66 chácaras do
entorno do antigo site da Shell.
A multinacional reafirmou que
fará tudo o que for possível para
recuperar a área e preservar o
bem-estar dos moradores.
A empresa anunciou que deve
gastar US$ 2 milhões para recuperar a área contaminada.
Parte da área contaminada está
localizada dentro da fábrica da
Basf, empresa alemã que também
produz defensivos agrícolas.
A Shell apresentou, há uma semana, a última parte da proposta
de descontaminação da área à Cetesb (Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo).
Para o representante dos moradores do Recanto dos Pássaros
Vicente de Paulo Souza, "a hipótese de compra dos terrenos é
mais uma manobra da Shell".
"Eu duvido que a Shell faça alguma coisa. Ela mesma disse que
não compraria as terras, pois os
moradores não queriam deixar o
local", afirmou Souza.
Ele disse que está elaborando
um documento no qual os moradores pedem para deixar o bairro.
Segundo Souza, o documento já
conta com a assinatura de 30 proprietários de chácaras.
Souza disse que pretende entregar uma cópia do documento à
Shell e outra ao Ministério Público de Paulínia.
Descontaminação
A Cetesb ainda está analisando
parte da proposta e, só então, vai
autorizar o início dos trabalhos.
A Cetesb informou, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
um dos estudos entregues pela
Shell é o do monitoramento de toda a área da fábrica, incluindo as
chácaras no entorno.
O plano de monitoramento para investigar se há contaminação
do solo ou das águas subterrâneas
por drins, solventes e metais pesados nas chácaras foi aprovado ontem pela agência.
A aprovação autoriza a empresa
a iniciar o trabalho de coleta de
material a partir da próxima semana, segundo a Cetesb.
O estudo será acompanhado
por técnicos da Cetesb que auditará os resultados. De acordo com
a agência, serão coletadas amostras de solo em cada uma das chácaras, além da coleta de água nos
poços existentes.
A Cetesb informou que as análises dos planos para a construção
da barreira hidráulica, remoção
do solo e análise de alimentos
produzidos nas chácaras devem
ser concluídos nos próximos dez
dias.
A proposta de descontaminação do Recanto dos Pássaros será
discutida hoje na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
em um debate técnico sobre a
contaminação da Shell. O risco de
exposição aos drins também será
debatido.
Ontem, a Shell recorreu da multa de R$ 93 mil aplicada pela Cetesb, no último dia 4 de maio.
A empresa foi multada por descumprir a determinação da Cetesb de remover 1.200 toneladas
de solo contaminado e instalar
uma barreira hidráulica para impedir o avanço dos drins na água.
O teor do recurso, protocolado
na agência ambiental de Paulínia,
não foi divulgado pela empresa.
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