Campinas, Sábado, 24 de julho de 1999

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SOB SUSPEITA
Procuradoria estuda como investigar casal acusado de fraudar o INSS
União pode quebrar sigilo bancário

ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas

A procuradora da República Cristiane Miranda Botelho, de Campinas, estuda pedir a quebra do sigilo bancário do casal Alzira Lourenzi Luciano e Maurício Ferreira Luciano, acusado de ter fraudado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em R$ 1,46 milhão.
O pedido deve ser feito à Justiça Federal na próxima segunda-feira. Além disso, a procuradora também pode pedir à Polícia Federal a abertura de um inquérito policial para investigar o caso.
Alzira foi gerente regional do instituto entre 1992 e 98 e teria forjado documentos falsos para que o seu marido recebesse as aposentadorias de 86 segurados emitidas por meio do PAB (Pagamento Alternativo de Benefício).
O PAB é feito para ressarcir o segurado que, por algum motivo, teve suspenso o pagamento do seu benefício, o que não ocorreu.
Segundo o resultado da investigação realizada pela inspetoria do INSS, Alzira usava todos os dados do segurado para emitir o PAB.
Ela falsificava uma procuração na qual o segurado autorizava o marido a fazer o saque do dinheiro em agências do Banco do Brasil.
A assinatura do segurado também era falsificada. O marido de Alzira chegou a sacar, de uma só vez, até R$ 20 mil.
A procuradora da República disse que não seria necessário, neste momento, pedir a prisão preventiva do casal.
"A Alzira teve problemas de saúde e está internada. Agora, não vejo a necessidade de pedir a prisão preventiva", disse.
A procuradora vai determinar a realização de exames grafotécnicos do casal e de 33 dos 86 segurados cujos nomes foram utilizados para realizar as fraudes.
"O documento apresenta graves indícios sobre as fraudes", disse a procuradora.
O juiz substituto da 4ª Vara Cível da Justiça Federal, Vanderlei Pedro Costenaro, recebeu ontem a ação cautelar de sequestro de bens do casal. O juiz decretou sigilo sobre o caso e não vai divulgar sua decisão.

Outro lado
A Folha procurou ontem durante todo o dia o casal, mas até as 19h, não foi possível qualquer contato.
O genro de Alzira, que se identificou apenas como Fabrício, disse que um advogado poderá falar na semana que vem em uma entrevista coletiva.
"A Alzira já tinha um problema de saúde, que se agravou com essas acusações, e está internada", disse.



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