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OPINIÃO
O Brasil rumo à sociedade da informação
VANDA SCARTEZINI
Com opiniões otimistas
ou pessimistas, motivadas
por interesses particulares ou públicos, o fato de o Brasil estar ou
não traçando caminhos adequados para transportar-nos para a
sociedade da informação passou
a fazer parte do imaginário popular e, sem poder precisar o que começou primeiro, passou a ocupar
importante espaço na mídia.
O importante é termos visão
clara do cenário brasileiro das tecnologias da informação e o que
podemos esperar em um futuro
breve, conhecendo aonde queremos chegar. Dados sobre desempenho dos países, entre eles o Brasil, nas áreas das tecnologias da
informação são quase sempre divididos pelo número de habitantes. As contas, que nos levam a
números pequenos devido à nossa população, parecem nos tornar
irrelevantes, como tornam irrelevante o mercado chinês.
Embora tenhamos consciência
do muito que há por fazer nessa
área no país, a realidade das novas
tecnologias de países continentais
como o nosso não pode ser traduzida em frios números "per capita", sob risco de se ter uma distorcida visão das oportunidades de
mercado que o país apresenta.
Há duas verdades nos números,
e a mais importante é que os números globais, e não "per capita",
do nosso mercado, têm sido tão
significativos que, só no último
semestre, 80 novas empresas iniciaram produção desses bens no
país, e 300 novos produtos manufaturados no Brasil entraram no
mercado.
Para entender como o Brasil está no jogo, é importante ter algum
conceito da sociedade da informação. Definida de uma forma
simplista, é uma sociedade em
que alimentar-se de informação
passe a ser tão natural e corriqueiro como alimentar-se fisicamente; em que o acesso à informação
on line, por todos, de forma não
discriminada, assim como o uso
das facilidades para prover serviços, públicos ou privados, passe a
ser a realidade do dia-a-dia. O
acesso de todo cidadão à Internet
é, portanto, a meta principal.
O cidadão pode entender com
alguma facilidade sua interface
com a Internet. O que não é tão
transparente é o arcabouço necessário que um país precisa construir para que o cidadão tenha seu
acesso à Internet de maneira fácil.
Trata-se de uma imensa malha
de meios de comunicação, fios telefônicos, canais de microondas,
redes de fibras ópticas, centrais telefônicas, satélites, computadores. É esse entendimento, em números inteiros, que podem ajudar
a responder às perguntas de todos
nós: será que o Brasil está construindo esse arcabouço? Qual a
velocidade em que o estamos
construindo? A população pode
esperar estar participando em
breve dessa sociedade? Como incluir os que hoje estão excluídos?
As telecomunicações são, sem
dúvida, uma das pilastras desse
arcabouço, não somente pelos
atuais cerca de 30 milhões de telefones fixos e de 19 milhões de celulares já em operação no país,
mas principalmente pela velocidade desse crescimento que, em
99, atingiu 25% nos fixos e 83%
nos celulares.
A Internet é outra pilastra do arcabouço, com perto de 300 mil
nomes de domínio (.com;.org;.gov etc.) em agosto deste
ano, com crescimento de mais de
2.000 novos domínios por mês. O
número de "hosts" (servidores
para simplificar), com mais de
400 mil em janeiro deste ano, nos
colocava em uma honrosa posição de 13º no mundo, à frente de
Espanha, México, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Suíça e Coréia.
Cerca de 500 provedores de
acesso atendem a um mercado
crescente, com média de cobrança de US$ 12, mais barato que a
maioria dos países desenvolvidos,
o que permite a aceleração desejada do acesso à informação.
A disponibilidade de computadores e outros meios, como os
conversores de Internet especiais
para TV aberta, que começam a
ocupar espaço no país, compõem
a terceira pilastra do arcabouço
necessário para a sociedade da informação. O número de computadores em uso por aqui soma
cerca de 11 milhões de unidades.
Ano passado, estávamos em 8º lugar em número de micros comercializados no mundo.
Vanda Scartezini é secretária de Política
de Informática do Ministério da Ciência e
Tecnologia
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