Campinas, Sexta, 25 de setembro de 1998

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HABITAÇÃO
Famílias que ocuparam apartamentos inacabados em Campinas não vão aceitar sem-teto no condomínio
Invasor quer barrar entrada de sem-teto

da Reportagem Local

As famílias que invadiram o Conjunto Residencial do Jardim Bandeira 2, na região sul de Campinas, querem barrar a entrada de sem-teto, favelados e moradores de áreas de risco no local.
Cerca de 1.500 moradores terminaram ontem de ocupar o condomínio.
Ao contrário dos primeiros 1.200 ocupantes que estão no local desde domingo, o grupo de novos invasores é formado, em parte, por pessoas que moram em áreas de risco, favelados e sem-teto.
Os moradores, que já ocupam 320 apartamentos do residencial desde domingo, querem evitar a presença de sem-teto e favelados no local por entenderem que o grupo não pode pagar pelo apartamento em uma possível negociação com a CEF (Caixa Econômica Federal), financiadora do empreendimento às construtoras BPlan e Trese.
Outros 384 apartamentos foram ocupados. "A maioria aqui é de classe média. A gente está se organizando para não deixar sem-teto entrar. Todo mundo quer comprar e não queremos de graça", disse Irene Santos, 28, que paga R$ 300 de aluguel em sua casa, na Vila União.
Segundo Ana Lúcia Teixeira da Silva, coordenadora de um dos blocos, os primeiros ocupantes estão se revezando para tomar conta dos blocos e selecionar os novos invasores. Ela não revelou qual sua renda mensal, mas disse que paga R$ 250 de aluguel em Sumaré.
De acordo com a dona-de-casa Mírian Viana, 28, as pessoas que ocupam os prédios estão sendo orientadas a avisar apenas aqueles que possam pagar um eventual financiamento para que ocupem os apartamentos.
Um grupo de 320 famílias iniciou o movimento ocupando 30 prédios, de 16 apartamentos cada, em conjuntos residenciais do Jardim Bandeira 2. As famílias começaram a chegar no local na semana passada.
Os primeiros invasores moram na região dos conjuntos e pagam aluguel. Parte deles tem carro e trabalha.
Os prédios estão semiprontos, com portas, janelas, vidros, vasos sanitários, mas sem pintura.
Os conjuntos ainda não têm infra-estrutura como asfalto nas ruas, energia elétrica nem água.
Ontem, as primeiras áreas invadidas começaram a ser restauradas. Alguns invasores limparam o terreno e retiraram o mato.
Outros iniciaram pequenas reformas, como instalação de portas nos apartamentos.
Os ocupantes disseram que esperam que a CEF faça contato logo para iniciar as negociações.



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