Campinas, Domingo, 27 de dezembro de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Prefeito de Campinas não cumpre principais pontos do plano de governo; crise financeira se agrava
Chico abandona promessa de campanha

Marcos Peron/Folha Imagem
A garçonete Aparecida Pereira Pergo, 23, que aguarda o Cingapura


LUCIANA FINAZZI
da Folha Campinas

O prefeito de Campinas, Francisco Amaral (PPB), completa seus dois primeiros anos à frente da administração sem cumprir suas principais promessas de campanha, feitas em 96.
A própria prefeitura demonstra, por meio de um relatório das atividades da administração em 1997 e 1998, que nenhuma prioridade do plano de governo foi cumprida no primeiro biênio de seu mandato.
Eleito com 261 mil votos, 120 mil a mais que a segunda colocada na disputa, Célia Leão (PSDB), Chico enfrenta dificuldades financeiras até para pagar os servidores e utilizou isso como justificativa para abandonar bandeiras da campanha, como o Cingapura e a municipalização da segurança.
A implantação da Guarda Municipal na cidade é uma das poucas promessas que se tornaram realidade. Mesmo assim, só foi implementada de forma parcial.
De acordo com o balanço de Chico, distribuído à imprensa neste mês por sua assessoria, os investimentos foram pulverizados em pequenas obras na periferia.
O relatório não informa o valor global dos investimentos neste biênio. O prefeito não atendeu a Folha para comentar o balanço.
Com uma dívida de R$ 140 milhões em precatórios, herdada do governo anterior, de Edivaldo Orsi (PSDB), a prefeitura está inserida no Cadin (Cadastro de Inadimplentes) pelo menos até janeiro, já que Chico não conseguiu a rolagem da dívida no Congresso Nacional neste ano.
Com o nome na lista de devedores do Ministério da Fazenda, a prefeitura não tem condições de fazer empréstimos bancários.
Para completar o ano, Chico teve que escalonar o pagamento do 13º salário dos servidores e ainda não tem perspectiva de arrecadação para suprir a folha deste mês.
Principalmente o segundo ano de administração de Chico foi marcado por turbulências financeiras e judiciais.
O prefeito enfrentou pelo menos duas investigações do Ministério Público sobre a suposta existência de funcionários "fantasmas" e altos salários entre ex-secretários e funcionários aposentados.
Uma representação de conselheiros do SPS (Serviço Previdenciário do Servidor) no Ministério Público denunciou, no mês passado, a suposta falência do órgão devido a empréstimos feitos para o pagamento do funcionalismo.
Também em novembro, a prefeitura teve que emprestar R$ 3,5 milhões do Hospital Mário Gatti para cobrir a folha de pagamento. O "desvio" está sendo apurado pelo Conselho Municipal da Saúde.
Na área de educação o prefeito também descumpriu promessas básicas. Em vez de construir mais creches em Campinas, como garantiu que faria durante a campanha de 96, Chico determinou uma restrição aos usuários. A Secretaria da Educação cortará um período para as crianças de 4 a 6 anos matriculadas na rede municipal da cidade a partir de 1999.



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