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FUTEBOL
Peneiras do Guarani e da Ponte Preta atraem meninos de todo o país para a cidade
3.400 disputam o vestibular da bola em Campinas em 99
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
Cerca de 3.400 crianças e adolescentes de várias partes do Brasil
vêm para Campinas anualmente
entre os meses de fevereiro e março com a esperança de se tornarem
jogadores de futebol. Eles participam das "peneiras" da Ponte Preta
e do Guarani.
Parte deles vem de outros Estados, principalmente do Norte e
Nordeste do país, para mostrar o
que podem fazer no futebol.
A disputa é acirrada. Entre os
3.400, no máximo dez conquistam
a oportunidade de atuar nas categorias de base de um dos dois times que disputam hoje as divisões
de elite do futebol brasileiro.
Os meninos viajam até milhares
de quilômetros com a esperança de
conseguir, por meio do futebol,
uma vida melhor e mais equilibrada financeiramente.
Geralmente, as peneiras são dividas em duas fases. Na primeira,
acontece uma avaliação preliminar
e são separados entre 30 e 40 meninos.
Na segunda fase são escolhidos
os garotos que passarão a ser treinados no clube.
No Guarani, por exemplo, de
uma média que varia entre 1.600 e
1.800 inscritos nas peneiras, pelo
menos cinco são aproveitados e se
alojam no clube, aguardando uma
oportunidade.
A peneira da Ponte Preta deve
acontecer entre fevereiro e março,
enquanto a do Guarani deve acontecer apenas após o Carnaval.
Os jovens passam antes por uma
pré-avaliação, onde são separados
por categorias e posições de jogo.
Segundo o supervisor de futebol
amador da Ponte Preta, Ricardo
Koyama, entre 1.600 adolescentes
que tentam as peneiras pelo menos
cinco ou seis são aproveitados.
"Precisamos separar os jovens anteriormente por categorias, pois
senão teremos cem jovens querendo ser atacantes para cada um como zagueiro. Por isso é feita uma
pré-separação dos jovens", disse
Koyama.
Muitos desses garotos deixam os
estudos e apostam a vida no futebol, apesar do futuro incerto. A falta de dedicação à educação formal
resulta em desastres irreparáveis.
Nesse ponto, não faltam exemplos
para as novas gerações.
Um deles é Jorge Mendonça, ex-jogador do Guarani e do Palmeiras, que abandonou a escola no começo da carreira.
Depois que parou de jogar, ele
não teve estrutura para cuidar das
finanças. Atualmente, vive em situação difícil e mora na casa dos
pais, em Campinas. "É preciso que
os novos conciliem os estudos com
o futebol", recomenda.
Já o ex-jogador Zenon, do Guarani e do Corinthians, conseguiu
cursar duas faculdades enquanto
jogava futebol e hoje tem uma vida
financeira tranquila.
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