Campinas, Domingo, 27 de dezembro de 1998

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FUTEBOL
Peneiras do Guarani e da Ponte Preta atraem meninos de todo o país para a cidade
3.400 disputam o vestibular da bola em Campinas em 99

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

Cerca de 3.400 crianças e adolescentes de várias partes do Brasil vêm para Campinas anualmente entre os meses de fevereiro e março com a esperança de se tornarem jogadores de futebol. Eles participam das "peneiras" da Ponte Preta e do Guarani.
Parte deles vem de outros Estados, principalmente do Norte e Nordeste do país, para mostrar o que podem fazer no futebol.
A disputa é acirrada. Entre os 3.400, no máximo dez conquistam a oportunidade de atuar nas categorias de base de um dos dois times que disputam hoje as divisões de elite do futebol brasileiro.
Os meninos viajam até milhares de quilômetros com a esperança de conseguir, por meio do futebol, uma vida melhor e mais equilibrada financeiramente.
Geralmente, as peneiras são dividas em duas fases. Na primeira, acontece uma avaliação preliminar e são separados entre 30 e 40 meninos.
Na segunda fase são escolhidos os garotos que passarão a ser treinados no clube.
No Guarani, por exemplo, de uma média que varia entre 1.600 e 1.800 inscritos nas peneiras, pelo menos cinco são aproveitados e se alojam no clube, aguardando uma oportunidade.
A peneira da Ponte Preta deve acontecer entre fevereiro e março, enquanto a do Guarani deve acontecer apenas após o Carnaval.
Os jovens passam antes por uma pré-avaliação, onde são separados por categorias e posições de jogo.
Segundo o supervisor de futebol amador da Ponte Preta, Ricardo Koyama, entre 1.600 adolescentes que tentam as peneiras pelo menos cinco ou seis são aproveitados. "Precisamos separar os jovens anteriormente por categorias, pois senão teremos cem jovens querendo ser atacantes para cada um como zagueiro. Por isso é feita uma pré-separação dos jovens", disse Koyama.
Muitos desses garotos deixam os estudos e apostam a vida no futebol, apesar do futuro incerto. A falta de dedicação à educação formal resulta em desastres irreparáveis. Nesse ponto, não faltam exemplos para as novas gerações.
Um deles é Jorge Mendonça, ex-jogador do Guarani e do Palmeiras, que abandonou a escola no começo da carreira.
Depois que parou de jogar, ele não teve estrutura para cuidar das finanças. Atualmente, vive em situação difícil e mora na casa dos pais, em Campinas. "É preciso que os novos conciliem os estudos com o futebol", recomenda.
Já o ex-jogador Zenon, do Guarani e do Corinthians, conseguiu cursar duas faculdades enquanto jogava futebol e hoje tem uma vida financeira tranquila.



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