Campinas, Quarta-feira, 28 de Junho de 2000


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NARCOTRÁFICO
Nova apreensão de maconha na cidade confirma tese do Denarc e da Polícia Federal
Piracicaba é investigada como entreposto

RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS
ANA PAULA MARGARIDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Investigações do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) e a PF (Polícia Federal) apontam Piracicaba (80 km de Campinas) como o principal entreposto do tráfico internacional de drogas na região.
Na quarta-feira da semana passada, a PF e o Denarc apreenderam 301 quilos de maconha em um posto de combustível da cidade. A droga vinha do Paraguai e estava dentro de um caminhão, em um teto falso.
A apreensão, mantida sob sigilo até ontem, reforçou ainda mais as suspeitas do Denarc, que a cidade faz parte de uma das rotas mais usadas para fornecimento de drogas ao interior de São Paulo e outros Estados. Essa é a chamada rota caipira do tráfico.
Segundo o Denarc, o Paraguai é o ponto de saída das drogas que vêm para Piracicaba e depois para a região, na maioria dos casos.
O procurador Osvaldo Capelari Júnior denunciou, na última sexta-feira, Reginaldo Almir Amorim, 32, por tráfico internacional de drogas. Ele está preso no presídio do Carandiru, segundo a PF.
É a segunda denúncia feita pela Procuradoria por tráfico internacional em menos de seis meses.
Em dezembro de 99, três traficantes foram presos em uma fazenda em Piracicaba com 500 quilos de cocaína que vinham do Paraguai.
No mês passado, o Denarc apreendeu 2,7 toneladas de maconha em Hortolândia (20 km de Campinas). Aquela foi a maior apreensão da droga feita no Estado neste ano.
A maconha vinha de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O destino final era Piracicaba, onde dois traficantes foram presos aguardando a chegada do carregamento, segundo a polícia.
O delegado do Denarc Ubiracyr Pires da Silva afirmou que há suspeitas que a rota caipira esteja abastecendo também morros cariocas, como o da Mangueira.
Segundo o Denarc, as investigações feitas pelo departamento no interior do Estado apontam que Paraguai é o principal ponto de saída das drogas que chegam a Piracicaba.
O entorpecente vem escondido em caminhões. Muitas vezes, os veículos trazem carregamentos legais para a região, o que facilita o trafego pelas rodovias.
Em Piracicaba, os traficantes marcam pontos de entrega em postos de combustíveis que ficam às margens de rodovias.
O caminhão é levado então para locais onde a carga é descarregada e dividida em quantidades menores e distribuídas em carros, segundo o Denarc.

Tráfico aéreo
As Polícias Federal e Civil investigam pelo menos 28 pistas de pouso clandestinas na região de Campinas. Desse total, 14 delas ficam próximas a Piracicaba.
"O levantamento serve para investigarmos quais são usadas para o tráfico e as que são de agricultores", disse o deputado Renato Simões (PT), sub-relator da CPI do Narcotráfico estadual.
O delegado-seccional de Piracicaba, Luiz Henrique Zago, 49, disse que as apreensões feitas pelas Polícias Federal e Civil não configuram a cidade como rota de distribuição do tráfico internacional de drogas.
"Não acredito que seja diferente do contexto regional", disse.
O delegado da Dise, Fábio Riso de Toledo, não comentou a participação de Piracicaba no tráfico.


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