|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NARCOTRÁFICO
Nova apreensão de maconha na cidade confirma tese do Denarc e da Polícia Federal
Piracicaba é investigada como entreposto
RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS
ANA PAULA MARGARIDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Investigações do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) e a PF (Polícia Federal) apontam Piracicaba (80 km
de Campinas) como o principal
entreposto do tráfico internacional de drogas na região.
Na quarta-feira da semana passada, a PF e o Denarc apreenderam 301 quilos de maconha em
um posto de combustível da cidade. A droga vinha do Paraguai e
estava dentro de um caminhão,
em um teto falso.
A apreensão, mantida sob sigilo
até ontem, reforçou ainda mais as
suspeitas do Denarc, que a cidade
faz parte de uma das rotas mais
usadas para fornecimento de drogas ao interior de São Paulo e outros Estados. Essa é a chamada rota caipira do tráfico.
Segundo o Denarc, o Paraguai é
o ponto de saída das drogas que
vêm para Piracicaba e depois para
a região, na maioria dos casos.
O procurador Osvaldo Capelari
Júnior denunciou, na última sexta-feira, Reginaldo Almir Amorim, 32, por tráfico internacional
de drogas. Ele está preso no presídio do Carandiru, segundo a PF.
É a segunda denúncia feita pela
Procuradoria por tráfico internacional em menos de seis meses.
Em dezembro de 99, três traficantes foram presos em uma fazenda em Piracicaba com 500 quilos de cocaína que vinham do Paraguai.
No mês passado, o Denarc
apreendeu 2,7 toneladas de maconha em Hortolândia (20 km de
Campinas). Aquela foi a maior
apreensão da droga feita no Estado neste ano.
A maconha vinha de Pedro Juan
Caballero, no Paraguai. O destino
final era Piracicaba, onde dois traficantes foram presos aguardando a chegada do carregamento,
segundo a polícia.
O delegado do Denarc Ubiracyr
Pires da Silva afirmou que há suspeitas que a rota caipira esteja
abastecendo também morros cariocas, como o da Mangueira.
Segundo o Denarc, as investigações feitas pelo departamento no
interior do Estado apontam que
Paraguai é o principal ponto de
saída das drogas que chegam a Piracicaba.
O entorpecente vem escondido
em caminhões. Muitas vezes, os
veículos trazem carregamentos
legais para a região, o que facilita o
trafego pelas rodovias.
Em Piracicaba, os traficantes
marcam pontos de entrega em
postos de combustíveis que ficam
às margens de rodovias.
O caminhão é levado então para
locais onde a carga é descarregada
e dividida em quantidades menores e distribuídas em carros, segundo o Denarc.
Tráfico aéreo
As Polícias Federal e Civil investigam pelo menos 28 pistas de
pouso clandestinas na região de
Campinas. Desse total, 14 delas ficam próximas a Piracicaba.
"O levantamento serve para investigarmos quais são usadas para o tráfico e as que são de agricultores", disse o deputado Renato
Simões (PT), sub-relator da CPI
do Narcotráfico estadual.
O delegado-seccional de Piracicaba, Luiz Henrique Zago, 49, disse que as apreensões feitas pelas
Polícias Federal e Civil não configuram a cidade como rota de distribuição do tráfico internacional
de drogas.
"Não acredito que seja diferente
do contexto regional", disse.
O delegado da Dise, Fábio Riso
de Toledo, não comentou a participação de Piracicaba no tráfico.
Texto Anterior: Família pede indenização Próximo Texto: Eleições: Justiça manda Dalben retirar cartazes Índice
|