Campinas, Terça, 28 de julho de 1998

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CONFLITO URBANO
Nelson Ferreira de Campos afirmou, em depoimento à polícia, que foi ameaçado de morte
Padre diz sofrer ameaças há oito meses

da Reportagem Local

O padre da Paróquia da Sagrada Família e líder religioso da ocupação do Parque Oziel, em Campinas, Nelson Ferreira de Campos, disse ontem que vem sofrendo ameaças há oito meses.
Ele depôs no setor de homicídios da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) sobre as ameaças de morte. Campos foi ouvido ainda sobre a morte do líder da invasão, Mauro Fialho Garcia, no dia 19.
Campos disse que as ameaças acontecem por telefone. Segundo ele, a polícia foi informada há dois meses sobre essas ocorrências. O padre, no entanto, não havia feito uma denúncia formal.
O padre foi ouvido pelo delegado Cássio Vita Biazolli, que conduz o inquérito sobre a morte de Garcia.
"São telefonemas pedindo para que eu deixe o povo e a ocupação. Estou tomando precauções, como não andar sozinho, mas não vou deixar o Parque Oziel", afirmou.
Campos negou que tenha afirmado que existam policiais envolvidos nas mortes de lideranças da ocupação.

Áreas de violência
O deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo, Renato Simões (PT), acompanhou o depoimento do padre e disse que essa é uma forma de contribuir para as investigações sobre a morte de Garcia.
O deputado e o vereador Sebastião Arcanjo (PT) pediram à polícia um levantamento oficial sobre índice de violência na cidade, com especificação dos locais.
Eles disseram que consideram exagerado que o Parque Oziel seja visto como um centro de violência.
"Estão querendo resumir o problema de violência na cidade ao que acontece no Parque Oziel. É uma inversão." disse Arcanjo.
Hoje as lideranças da ocupação iniciam um abaixo-assinado para pedir que a Prefeitura de Campinas considere o Parque Oziel uma área de utilidade pública, como forma de acelerar o processo de tornar a ocupação de sem-teto uma área oficial.
Para o vereador, transformar a área em utilidade pública daria mais tempo aos ocupantes para conseguir o assentamento definitivo.
"Até lá, eles conseguem construir casas de alvenaria e vai ser difícil a retirada", afirmou.



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