Campinas, Terça, 28 de julho de 1998

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MÁFIA DOS REMÉDIOS
Entre ontem e anteontem, foram localizadas três desovas de medicamentos de vários laboratórios
Defesa Civil recolhe 50 kg de remédio

CHIQUINO JÚNIOR
da Reportagem Local

A Defesa Civil de Campinas recolheu 50 quilos de remédios e produtos de laboratório com prazos de validade vencidos em três terrenos baldios da cidade, entre ontem e anteontem.
Segundo o diretor da Defesa Civil de Campinas, Marcos Smânio de Túlio, os lotes dos produtos estavam intactos, foram levados à prefeitura e estão sob responsabilidade da Vigilância Sanitária e do Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor).
A primeira desova foi localizada no Jardim Planalto de Viracopos (região sul). Foram encontrados cerca de 150 frascos de antibiótico e xarope. Todos os produtos foram fabricados pela Furp (Fundação do Remédio Popular), um laboratório do governo do Estado que fornece medicamento apenas para a rede pública de saúde.
O coordenador da Covisa (Coordenadoria de Vigilância à Saúde) da Prefeitura de Campinas, Ricardo Cocolisce, afirmou que a direção da Furp manifestou interesse em investigar o caso e pediu a numeração dos lotes.
Entre os remédios da Furp havia cloreto de potássio dos lotes 92030541 e 92071014, vencidos em março e julho, e Cefalexia do lote 92040772, vencido há três anos.
Cocolisce disse que não é possível saber se a desova foi feita por algum órgão público de Campinas ou de outras cidades. "Não tenho registro de roubo desses medicamentos", afirmou.
Também anteontem, no bairro Alto Taquaral, foram encontrados cerca de 5 kg de amostras grátis de medicamentos vencidos.
Ontem, no Jardim Rossin, 300 produtos de laboratório também foram jogados em um terreno.
No dia 16, foram encontrados remédios abandonados e queimados no Jardim Nova Mercedes.
Cocolisce disse que o setor não tem condições de descobrir a origem da série de desovas de remédios feitas em terrenos baldios.
Segundo ele, apesar de conseguir detectar a numeração de lote dos produtos, é difícil rastrear seu trajeto depois que deixa o laboratório. "Cada lote tem muitos remédios, que vão para vários lugares do país, comercializados pelos vendedores dos laboratórios."
Ele disse que as desovas de remédios em terrenos são indícios de que os responsáveis são distribuidoras ou farmácias que possuem outras irregularidades. "Eles podem estar querendo afastar a fiscalização", disse.
De acordo com Cocolisce, são feitas cerca de 30 denúncias diárias sobre desovas. A Vigilância Sanitária colocou cinco telefones à disposição da população.

Onde denunciar: região norte (243-7454); leste (735-0730); sul (735-0386); sudoeste (735-0397); e noroeste (735-0286).



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