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NEGÓCIOS
A primeira fábrica 100% brasileira de automóveis, em Rio Claro, tem uma dívida trabalhista de R$ 14 milhões
Gurgel vai a leilão em maio por R$ 20 mi
CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A Justiça de Rio Claro (76 km de
Campinas) marcou para o próximo dia 23 de maio, no fórum da
cidade, o leilão da Gurgel Motores
S/A, primeira fábrica 100% brasileira de produção de automóveis,
que faliu em 1996 e tem o seu patrimônio atual avaliado em R$ 20
milhões.
O leilão foi determinado ontem
pela juíza da 3ª Vara Cível da cidade, Cínthia Andraus Carreta, e visa saldar as dívidas trabalhistas de
R$ 14 milhões da empresa com
700 ex-funcionários.
O preço mínimo avaliado pela
Justiça, relativo ao prédio da empresa -de 40 mil m²-, mais os
equipamentos, foi de R$ 17 milhões. Os outros R$ 3 milhões do
patrimônio da empresa são referentes a um clube e dois imóveis.
A venda do patrimônio da Gurgel oficializa o fim de um empreendimento pioneiro viabilizado pelo empresário João Augusto
Conrado do Amaral Gurgel, que
criou, com capital nacional, a sua
fábrica de automóveis em São
Paulo, no ano de 1969.
O auge da produção da Gurgel
aconteceu na década de 80, depois
da transferência da fábrica para
Rio Claro em 1975 e da assinatura
de um acordo de cooperação com
a Volkswagen do Brasil, em 1983.
Em 26 anos de funcionamento,
a Gurgel colocou no mercado 40
mil veículos. Atualmente, dentro
do prédio abandonado da empresa, podem ser encontradas apenas
40 carcaças de carros na linha de
montagem.
Segundo o secretário da Indústria e Comércio de Rio Claro, Luís
Fernando Quilici, a prefeitura vai
divulgar o leilão da Gurgel para
todo o país, com o objetivo de
atrair uma nova grande empresa
para o município.
"O pagamento dos débitos aos
ex-trabalhadores já vai injetar R$
14 milhões na economia da cidade, mas nós esperamos mais.
Queremos que um grande grupo
adquira esse patrimônio para gerar empregos", declarou.
Segundo o filho do empresário
Amaral Gurgel, Fernando do
Amaral Gurgel, a falência da fábrica de automóveis é consequência da "traição" dos governos de
São Paulo e do Ceará.
Os Estados teriam assinado no
início da década de 90 um acordo
de cooperação com a empresa
que não foi cumprido, segundo
Fernando Gurgel.
Os governadores de São Paulo e
do Ceará no período, Luiz Antônio Fleury Filho (PTB, na época
PMDB) e Ciro Gomes (PPS, na
época PSDB) respectivamente,
afirmaram que os acordos foram
rompidos devido à falta de pagamento da direção da Gurgel para
cobrir os empréstimos fornecidos
pelos Estados.
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