Campinas, Sábado, 31 de Março de 2001

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NEGÓCIOS
A primeira fábrica 100% brasileira de automóveis, em Rio Claro, tem uma dívida trabalhista de R$ 14 milhões
Gurgel vai a leilão em maio por R$ 20 mi

CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A Justiça de Rio Claro (76 km de Campinas) marcou para o próximo dia 23 de maio, no fórum da cidade, o leilão da Gurgel Motores S/A, primeira fábrica 100% brasileira de produção de automóveis, que faliu em 1996 e tem o seu patrimônio atual avaliado em R$ 20 milhões.
O leilão foi determinado ontem pela juíza da 3ª Vara Cível da cidade, Cínthia Andraus Carreta, e visa saldar as dívidas trabalhistas de R$ 14 milhões da empresa com 700 ex-funcionários.
O preço mínimo avaliado pela Justiça, relativo ao prédio da empresa -de 40 mil m²-, mais os equipamentos, foi de R$ 17 milhões. Os outros R$ 3 milhões do patrimônio da empresa são referentes a um clube e dois imóveis.
A venda do patrimônio da Gurgel oficializa o fim de um empreendimento pioneiro viabilizado pelo empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que criou, com capital nacional, a sua fábrica de automóveis em São Paulo, no ano de 1969.
O auge da produção da Gurgel aconteceu na década de 80, depois da transferência da fábrica para Rio Claro em 1975 e da assinatura de um acordo de cooperação com a Volkswagen do Brasil, em 1983.
Em 26 anos de funcionamento, a Gurgel colocou no mercado 40 mil veículos. Atualmente, dentro do prédio abandonado da empresa, podem ser encontradas apenas 40 carcaças de carros na linha de montagem.
Segundo o secretário da Indústria e Comércio de Rio Claro, Luís Fernando Quilici, a prefeitura vai divulgar o leilão da Gurgel para todo o país, com o objetivo de atrair uma nova grande empresa para o município.
"O pagamento dos débitos aos ex-trabalhadores já vai injetar R$ 14 milhões na economia da cidade, mas nós esperamos mais. Queremos que um grande grupo adquira esse patrimônio para gerar empregos", declarou.
Segundo o filho do empresário Amaral Gurgel, Fernando do Amaral Gurgel, a falência da fábrica de automóveis é consequência da "traição" dos governos de São Paulo e do Ceará.
Os Estados teriam assinado no início da década de 90 um acordo de cooperação com a empresa que não foi cumprido, segundo Fernando Gurgel.
Os governadores de São Paulo e do Ceará no período, Luiz Antônio Fleury Filho (PTB, na época PMDB) e Ciro Gomes (PPS, na época PSDB) respectivamente, afirmaram que os acordos foram rompidos devido à falta de pagamento da direção da Gurgel para cobrir os empréstimos fornecidos pelos Estados.


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