Campinas, Domingo, 31 de Dezembro de 2000

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FIM DE MANDATO
Governantes de Campinas e Piracicaba se despedem com rombo no caixa das prefeituras; reeleito, Haddad administrará seu déficit
Prefeitos deixam dívidas de R$ 1,5 bilhão

Marcos Peron - 9.nov.2000/Folha Imagem
Chico Amaral (PPB) dá entrevista na Prefeitura de Campinas


DA REDAÇÃO, EM CAMPINAS

DA FOLHA CAMPINAS

Os prefeitos de três mais importantes cidades da região -Campinas, Jundiaí e Piracicaba- entregam as administrações municipais amanhã a seus sucessores com dívidas de R$ 1,543 bilhão.
O dinheiro é suficiente para manter uma universidade como a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) por três anos.
A situação mais crítica é a da Prefeitura de Campinas, cuja dívida chega a R$ 1,3 bilhão, equivale a 84% do valor total do débito somado das três cidades.
Jundiaí tem dívida de R$ 171,6 milhões e Piracicaba deve pouco mais de R$ 72 milhões.
O prefeito de Campinas, Francisco Amaral (PPB), deixa para o sucessor Antonio da Costa Santos, o Toninho (PT), um saldo devedor 70% superior ao Orçamento previsto para o ano que vem -R$ 764 milhões.
A herança vai dificultar a administração petista em Campinas, já que a cidade tem seu nome inscrito no Cadim (Cadastro de Inadimplentes) do Banco Central, o que impossibilita a aquisição de financiamentos de órgão públicos e privados.
Chico informou, por meio de nota oficial, que a maior parte de sua dívida se deve a administrações anteriores.
No entanto nos últimos quatro anos do governo Chico, a dívida da cidade cresceu 225%. Saltou de cerca de R$ 400 milhões para R$ os atuais 1,3 bilhão.
Chico também questiona a dívida da cidade com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de R$ 328 milhões. Segundo ele, a prefeitura não reconhece nem 20% do total do débito.
Nas cidades de Jundiaí e Piracicaba, apesar de as cifras serem muito inferiores a de Campinas, o valor deixado deve representar problemas para o futuro prefeito.
Em Jundiaí (36 km de Campinas), onde o prefeito Miguel Haddad (PSDB) conseguiu se reeleger, o valor representa quase a metade de todo o Orçamento previsto para o próximo ano por Haddad -R$ 350 milhões.
Em Piracicaba (80 km), o prefeito eleito Humberto de Campos (PSDB) vai deixar uma dívida de R$ 73 milhões ao seu sucessor, José Machado (PT). O rombo representa 43,7% de todo o Orçamento previsto para o próximo ano, que é de R$ 171,4 milhões.

Promessas
Endividados, os prefeitos tiveram dificuldades para cumprir as promessas de campanha.
Em Campinas, Chico não cumpriu sua principal promessa: não trouxe a cidade o Cingapura, projeto de construção de habitação popular aplicado no governo Paulo Maluf em São Paulo.
O déficit habitacional na cidade é de 40 mil moradias e aumentou 33% nos últimos dois anos.
Além disso, Chico enfrentou problemas nas áreas do transporte público, saúde, educação e violência, entre outros.
Em Piracicaba, o prefeito Humberto de Campos conseguiu reduzir a dívida flutuante (de curto prazo) de R$ 47 milhões para R$ 5,5 milhões, mas deixou de investir em obras.
Nos três primeiros anos de mandato, Campos gastou R$ 5 milhões em obras, menos de 5% dos Orçamentos.
O prefeito reeleito de Jundiaí, Miguel Haddad (PSDB), negociou parte da dívida da cidade até o ano de 2030.



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