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Candidato a trainee tem de estabelecer prioridades

Temporada de seleções está aberta; avalie opções e restrinja a escolha

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Chegou a época do ano em que recém-formados fazem provas, dinâmicas e entrevistas para conseguir uma vaga como trainee.

Entre setembro e novembro acontece a maior parte das seleções. "Estamos fazendo 17, todas no mesmo período", afirma Caroline Cobiak, coordenadora da Across, empresa especializada em contratação de trainees. A Cia de Talentos tem 30 processos abertos, diz a diretora Paula Esteves.

As seleções concomitantes obrigam os candidatos a optar por poucas empresas. Foi o caso do recém-formado em administração Enzo Fraletti, 24. Ele concorria a vagas em cinco companhias, mas desistiu de duas para não se prejudicar nos demais processos.

INTERESSE

Uma dica da coordenadora de estágios e colocação profissional da FGV, Ana Luisa Pliopas, é se preparar buscando informações da companhia em jornais e na internet. "Para ser selecionado é preciso entender que tipo de profissional a empresa está buscando."

Priscila Almeida, da Page Talent, recomenda aos candidatos demonstrar conhecer o negócio durante o processo. Ela afirma que uma maneira de fazer isso é formular perguntas sobre a corporação e o setor nas entrevistas.

Em geral, as seleções têm quatro partes: escolha dos currículos enviados, provas on-line, dinâmica de grupo com outros candidatos e entrevistas com gestores ou diretores de área.

As provas on-line costumam ser de inglês e de raciocínio lógico.

Marcello Zappia, diretor de RH da Tecnisa, exemplifica uma questão: se A é maior do que B e C é menor do que B, qual é a relação entre A e C?

Em algumas empresas, as perguntas de lógica são a respeito do ramo. É o caso da prova da Camargo Corrêa, adaptada para testar o conhecimento em engenharia, com questões sobre levantamento de cargas, por exemplo.

"Sou advogado e não passaria na prova", diz Fábio Busato, 36, gerente da empresa.

E como o avaliador sabe se o candidato não está respondendo a prova -feita pela web- em dupla ou buscando respostas no Google? "Eu não sei", confessa Cobiak.

Para evitar as enganações, as empresas fazem perguntas em inglês em outras etapas e checam o raciocínio lógico observando os candidatos durante os estudos de caso.

Apesar de os processos seletivos seguirem um padrão, há algumas pequenas mudanças entre eles.

Neste ano, a Tecnisa irá, pela primeira vez, exigir um vídeo dos profissionais em que eles contam suas histórias. Isso acontecerá ainda na fase on-line da seleção. A intenção é verificar se os candidatos fazem vídeos criativos.

A Cia de Talentos desenvolve processos seletivos com jogos on-line, em que são descritas situações hipotéticas aos candidatos, que precisam tomar decisões e explicá-las.

PRESENÇA

As dinâmicas de grupo costumam ter de 15 a 20 candidatos. A primeira coisa é assistir a uma apresentação da empresa. Em seguida, cada candidato fala sobre si. Vale discorrer sobre experiências pessoais, como fez Pedro Vieira de Souza, 23: ele contou como saiu da casa dos pais aos 16 anos para fazer intercâmbio. Hoje, é trainee da construtora Camargo Corrêa.

Depois das apresentações pessoais, os candidatos se dividem em grupos para estudar um caso. E, no fim, explicam as conclusões às quais chegaram em uma sessão de perguntas e respostas.

Antes de as dinâmicas acontecerem, os candidatos recebem orientações por e-mail sobre como elas deverão ser, lembra Francisco Silveira, 22, que se inscreveu em quatro processos neste ano.

"[Durante as dinâmicas] tem gente que fala por cima das outras, faz tudo para chamar a atenção. Acho isso errado", afirma Silveira.

Bernardo Moura Tarlá, 24, chegou a treinar a sua apresentação com o pai.

Para ele, manter a calma é importante na dinâmica.

Tarlá participou de seleção na qual, segundo ele, houve um momento em que os candidatos estavam exaltados. Ele levantou a mão para pedir a palavra, o que ninguém tinha feito. Foi convocado pela Tecnisa.

Falar demais ou passar na frente dos outros pega mal, afirma Sônia Marques, diretora de RH da Johnson & Johnson. Tentar prejudicar concorrentes atrapalha, diz ela.

Marques relata um caso de dinâmica em que um candidato criticou um concorrente, dizendo que ele não havia sido ético. Ambos foram eliminados do processo.

Pliopas recomenda ser fiel à personalidade: "O introvertido não pode sair tagarelando. Vai dar errado".

Os que passam na dinâmica ainda enfrentam o "painel", entrevistas com os gestores ou diretores das áreas em que vão trabalhar.

Cobiak ressalta que é preciso ter tato para saber como se colocar. Ela se lembra de ter visto um candidato dizer ao diretor que se via "na cadeira" do executivo no futuro. Ele perdeu a vaga.

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