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EUA podem aceitar novo acordo global do clima em 2015

Sob intensa pressão internacional, americanos mudam o tom e negam tentativas de adiar decisão climática

País mostra disposição de negociar depois que emergentes, como o Brasil, disseram aceitar metas para gás-estufa

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN

A conferência do clima de Durban ganhou uma perspectiva de acordo ontem, um dia antes de seu encerramento. Sob pressão, os EUA suavizaram a oposição ao plano para traçar um novo tratado contra a mudança climática.

"A União Europeia pediu um roteiro, nós apoiamos isso", afirmou o negociador-chefe americano, Todd Stern, negando que seu país esteja propondo adiar a ação no clima até 2020. Stern disse, porém, que ainda não sabe se o futuro acordo será ou não legalmente vinculante, como demanda a UE.

A primeira movimentação do maior emissor histórico do planeta na COP-17 se segue a uma bateria de reuniões e a declarações de grandes emissores do mundo em desenvolvimento de que aceitarão um acordo futuro com metas compulsórias para 2020.

O Brasil, por exemplo, fez sua declaração mais forte a esse respeito ontem, no discurso da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

"Se todos, repito, todos, trabalharmos juntos, poderemos negociar o mais cedo possível um novo instrumento legalmente vinculante sob a convenção, baseado nas recomendações da ciência, que inclua todos os países para o período imediatamente pós-2020", afirmou Izabella.

Stern ainda enfrentou constrangimento em sua fala na plenária, pela manhã. Quando subiu ao pódio para fazer seu discurso oficial, foi interrompido pelos gritos de uma estudante de seu país: "2020 é muito tempo para esperar", bradou Abigail Borah, que foi aplaudida pela plenária enquanto era retirada pelos seguranças.

CONVERGÊNCIA

A mudança de tom dos americanos foi percebida tanto por ambientalistas quanto por diplomatas.

"Mais do que movimento, estamos vendo convergência", disse o negociador-chefe do Brasil, Luiz Figueiredo, sem se referir diretamente aos norte-americanos.

Um diplomata sênior de um grande país emissor afirmou que existe vontade nos EUA, mas que a Casa Branca segue amarrada ao Senado, que não ratificou o Protocolo de Kyoto e que não ratificaria o novo acordo.

Caso a conversa avance, Durban terminará com um "mapa do caminho", ou roteiro, que estabelece os passos a seguir até a assinatura do acordo único.

FUNDO VERDE

Também deve ser estabelecida a estrutura do chamado Fundo Verde do Clima, acordado na conferência de Cancún, no ano passado, e que recebeu ontem suas primeiras doações, de 100 milhões de euros. O fundo e a continuidade do Protocolo de Kyoto eram as precondições impostas pelos países em desenvolvimento para concordarem com o acordo para 2020.

Caso não haja como acomodar os interesses dos EUA no texto, especula-se que a COP-17 possa terminar como a COP-13, em Bali, Indonésia, na qual um "mapa do caminho" também foi estabelecido. Os americanos se opunham, mas se abstiveram de votar, permitindo consenso.

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