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Nobel avalia pesquisa do câncer em SP

Alemão vencedor do maior prêmio da ciência, junto com colegas internacionais, integra conselho de hospital

Instituição que criou o grupo é o A.C. Camargo, um dos principais centros do Brasil na área da oncologia

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Em iniciativa inédita no país, o Hospital A.C. Camargo, de São Paulo, passou a ter um conselho internacional para avaliar suas pesquisas. A instituição responde por 60% da produção científica oncológica brasileira.

Seis pesquisadores de renome mundial, entre eles o virologista alemão Harald zur Hausen, Prêmio Nobel em Medicina ou Fisiologia de 2008, e Curtis Harris, diretor do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, integram o conselho, que foi idealizado pelo oncologista Ricardo Brentani, morto em novembro.

Nos últimos dois dias, o grupo analisou os projetos científicos, as instalações e as condições de ensino e pesquisa do hospital. Agora, prepara um relatório com a avaliação e as possíveis recomendações. Um em cada três oncologistas brasileiros se especializou no hospital.

"Eles vão nos dizer o que acharam de bom e o que precisa ser melhorado", resume o patologista Fernando Soares, diretor da pós-graduação do hospital. Os conselheiros não serão remunerados.

Dentro de um ano, eles devem retornar ao Brasil para checar se as mudanças sugeridas foram feitas e se surtiram o efeito esperado.

Segundo o americano Curtis Harris, as pesquisas no hospital têm nível de qualidade internacional e, por isso, despertaram o interesse do grupo. "Existem muitas potencialidades por aqui. Jovens pesquisadores que estão no início de suas carreiras e que logo vão desabrochar", disse ele à Folha.

Hausen, ganhador do Nobel, afirmou estar "entusiasmado". "Há pesquisas de qualidade, especialmente na área genômica. Mas, como em qualquer outro lugar, sempre é possível melhorar."

Uma das pesquisas desenvolvidas no hospital investiga os genes associados a tumores hereditários, como o de cólon e de mama, e os marcadores que poderão ser utilizados no diagnóstico e no tratamento da doença.

"Investigamos novas mutações do câncer familiar para fazer um aconselhamento genético precoce e poder tratar a pessoa adequadamente, com base no tipo de tumor que ela tem", explica a bióloga Silvia Rogatto.

Para o imunologista português António Amaral Coutinho, porta-voz do grupo internacional, submeter pesquisas ao crivo de pares internacionais ajuda a melhorar a qualidade delas.

"É o momento de o Brasil investir em ciência e tecnologia e descobrir melhores maneiras de fazer as coisas. Não se inventa nada sem saber muito. Não adianta só exportar gado. É preciso exportar cabeças", afirmou Coutinho.

Ele não quis adiantar o parecer do grupo sobre as pesquisas do A.C. Camargo.

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