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FMI quer fundo do clima com US$ 100 bi
Dinheiro para lutar contra aquecimento pode vir de ativo internacional de reservas, diz diretor-gerente da entidade
Para Dominique Strauss- Kahn, crise obriga países a serem criativos na busca de verba para o ambiente, mas isso não os isenta do dever
Arnd Wiegmann/Reuters
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Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, fala em sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), no sábado
DA FRANCE PRESSE
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) está planejando
um fundo de US$ 100 bilhões
para ajudar países a lidarem
com o aquecimento global,
anunciou anteontem a entidade em um encontro de autoridades políticas e financeiras no
Fórum Econômico Mundial,
em Davos, na Suíça.
"O novo modelo de crescimento será de baixo carbono",
disse Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI.
Segundo ele, esforços para mitigar a mudança climática não
podem ser bloqueados "só porque não podemos atingir as necessidades financeiras".
Os países em desenvolvimento não têm fundos para as
medidas de adaptação, e a capacidade dos países desenvolvidos para conceder parte dos
seus está limitada por dívidas,
pois reservas foram usadas para remediar a crise financeira.
Strauss-Kahn diz que, por
conta disso, será necessário
pensar de modo criativo para
construir o novo fundo de mitigação para o clima.
"Temos que achar maneira
inovadoras para financiar isso",
disse o economista e político
francês. "Vamos fornecer algumas ideias construídas em torno de um Fundo Verde para financiar US$ 100 bilhões anuais
-que é o valor atualmente aceito para atacar o problema- baseado em capitalização vinda
de bancos centrais, sustentada
por direitos especiais de saque
emitidos pelo fundo"
Direitos especiais de saque
(SDRs) são um ativo internacional de reserva criado pelo
FMI em 1969 como suplemento a reservas oficiais dos países-membros do fundo. Funciona
com uma "moeda global", com
cotação calculada em relação a
várias unidades monetárias.
Em seu site, o FMI diz que
deve publicar dentro de algumas semanas um documento
detalhando as ideias sobre como o novo fundo seria criado.
Crise verdejante
Os Estados Unidos defenderam em Davos que governos
devem investir no setor verde à
medida que tentam criar novos
empregos no rastro da crise
econômica. Isso ajudaria a mover o planeta na direção de uma
sociedade mais verde. O discurso foi adotado por empresários.
Azim Premji, presidente da
indiana Wipro, gigante da área
de tecnologia da informação,
afirmou que os problemas de lidar com a mudança climática e
de reduzir a pobreza devem ser
atacados conjuntamente.
"Para mim, quando esses
dois desafios são combinados,
apresentam uma nova oportunidade", disse o indiano. "O
mundo em desenvolvimento
ainda têm de construir a maior
parte de sua infraestrutura
energética e de sua infraestrutura física, além de adquirir
seus bens de consumo. Como
ainda não possui essas coisas,
tem grande oportunidade para
lidar com a mudança climática
e a sustentabilidade ecológica."
Jamie Drummond, diretor-executivo da campanha ONE
-iniciativa de um grupo de várias ONGs contra a pobreza-,
avaliou o anúncio do FMI como
positivo, mas afirma que grandes somas de dinheiro ainda serão necessárias para complementar o fundo proposto pelo
FMI para ajudar os países a lidarem com os efeitos da mudança do clima imediatamente.
Segundo a ONG, mesmo com
novo fundo prevendo "empréstimos concessionais" -com juros baixos e prazos longos-
ainda seria necessário um "financiamento em doações" para
os países mais pobres.
Um valor de US$ 30 bilhões
em "dinheiro rápido" foi oferecido pelos países desenvolvidos
no encontro do clima de Copenhague, em dezembro. O dinheiro deve ser repassado em
três parcelas, de 2010 a 2012.
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