São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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FMI quer fundo do clima com US$ 100 bi

Dinheiro para lutar contra aquecimento pode vir de ativo internacional de reservas, diz diretor-gerente da entidade

Para Dominique Strauss- Kahn, crise obriga países a serem criativos na busca de verba para o ambiente, mas isso não os isenta do dever

Arnd Wiegmann/Reuters
Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, fala em sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), no sábado

DA FRANCE PRESSE

O FMI (Fundo Monetário Internacional) está planejando um fundo de US$ 100 bilhões para ajudar países a lidarem com o aquecimento global, anunciou anteontem a entidade em um encontro de autoridades políticas e financeiras no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
"O novo modelo de crescimento será de baixo carbono", disse Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI. Segundo ele, esforços para mitigar a mudança climática não podem ser bloqueados "só porque não podemos atingir as necessidades financeiras".
Os países em desenvolvimento não têm fundos para as medidas de adaptação, e a capacidade dos países desenvolvidos para conceder parte dos seus está limitada por dívidas, pois reservas foram usadas para remediar a crise financeira.
Strauss-Kahn diz que, por conta disso, será necessário pensar de modo criativo para construir o novo fundo de mitigação para o clima.
"Temos que achar maneira inovadoras para financiar isso", disse o economista e político francês. "Vamos fornecer algumas ideias construídas em torno de um Fundo Verde para financiar US$ 100 bilhões anuais -que é o valor atualmente aceito para atacar o problema- baseado em capitalização vinda de bancos centrais, sustentada por direitos especiais de saque emitidos pelo fundo"
Direitos especiais de saque (SDRs) são um ativo internacional de reserva criado pelo FMI em 1969 como suplemento a reservas oficiais dos países-membros do fundo. Funciona com uma "moeda global", com cotação calculada em relação a várias unidades monetárias.
Em seu site, o FMI diz que deve publicar dentro de algumas semanas um documento detalhando as ideias sobre como o novo fundo seria criado.

Crise verdejante
Os Estados Unidos defenderam em Davos que governos devem investir no setor verde à medida que tentam criar novos empregos no rastro da crise econômica. Isso ajudaria a mover o planeta na direção de uma sociedade mais verde. O discurso foi adotado por empresários.
Azim Premji, presidente da indiana Wipro, gigante da área de tecnologia da informação, afirmou que os problemas de lidar com a mudança climática e de reduzir a pobreza devem ser atacados conjuntamente.
"Para mim, quando esses dois desafios são combinados, apresentam uma nova oportunidade", disse o indiano. "O mundo em desenvolvimento ainda têm de construir a maior parte de sua infraestrutura energética e de sua infraestrutura física, além de adquirir seus bens de consumo. Como ainda não possui essas coisas, tem grande oportunidade para lidar com a mudança climática e a sustentabilidade ecológica."
Jamie Drummond, diretor-executivo da campanha ONE -iniciativa de um grupo de várias ONGs contra a pobreza-, avaliou o anúncio do FMI como positivo, mas afirma que grandes somas de dinheiro ainda serão necessárias para complementar o fundo proposto pelo FMI para ajudar os países a lidarem com os efeitos da mudança do clima imediatamente.
Segundo a ONG, mesmo com novo fundo prevendo "empréstimos concessionais" -com juros baixos e prazos longos- ainda seria necessário um "financiamento em doações" para os países mais pobres.
Um valor de US$ 30 bilhões em "dinheiro rápido" foi oferecido pelos países desenvolvidos no encontro do clima de Copenhague, em dezembro. O dinheiro deve ser repassado em três parcelas, de 2010 a 2012.


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