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Molécula combate 3/4 dos vírus de gripe
Em teste de laboratório, anticorpo se mostrou capaz de reconhecer e atacar 12 de 16 variedades do patógeno da doença
Sucesso com estratégia foi o segundo anunciado em uma semana; técnica ainda não é diretamente aplicável em uma vacina para humanos
"Science"
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Imagem gerada por computador mostra a estrutura mostra a estrutura do anticorpo CR6261, usado na pesquisa
DA REDAÇÃO
Um teste de laboratório que
usou um anticorpo especialmente selecionado para combater o vírus da gripe obteve sucesso contra 12 das 16 variedades do patógeno. O resultado da
pesquisa, realizada por cientistas californianos e holandeses,
foi anunciado uma semana depois de outro grupo americano
ter relatado o êxito de uma técnica semelhante contra oito
subtipos do patógeno.
Anticorpos são moléculas
que atuam como soldados no
sistema imunológico, atacando
corpos invasores. São produzidos aos montes no organismo,
mas infelizmente não funcionam bem quando topam logo
de cara com o vírus da gripe.
O problema é que o patógeno
sofre muitas mutações e interações ao longo do planeta, e
quando ele volta a atacar uma
pessoa que já havia se livrado
dele, os anticorpos não o reconhecem mais. A variedade do
vírus que predominou em São
Paulo no ano passado pode não
ser a mesma do ano que vem.
Um anticorpo que reconhecer uma parte do vírus que
nunca se altere e seja capaz de
atacá-la, porém, nunca fora visto. Mas isso é o que os americanos do Instituto Scripps e os
holandeses da farmacêutica
Crucell relatam ter achado agora, parcialmente, em estudo escrito para a revista "Science".
O curioso foi que esse novo
anticorpo especial foi encontrado dentro de um homem comum, que havia recebido apenas uma dose de vacina ordinária contra gripe para protegê-lo
de um único subtipo da doença.
(Cada tipo de vírus é classificado de acordo com sua hemaglutinina -proteína que reveste
sua superfície, da qual existem
16 variedades.)
Usando equipamentos modernos para isolar anticorpos e
determinar suas estruturas
moleculares, os pesquisadores
extraíram uma infinidade de
anticorpos do voluntário da
pesquisa e montaram uma "biblioteca" de moléculas para
testar. O anticorpo que se saiu
melhor foi um batizado com o
código CR6261. Foi capaz de
reconhecer e atacar 12 tipos da
hemaglutinina, em uma parte
da proteína que não costuma
sofrer mutação. Ou seja, o
CR6261 nunca "esquece" os vírus de gripe que sabe atacar.
Segundo os cientistas, muitas pessoas podem ter anticorpos com capacidade semelhante a esse, mas seus organismos
nem sempre os produzem ou os
usam de modo eficiente.
Entre os subtipos do influenza que o CR6261 derrotou está
o H5, da gripe das aves -altamente agressivo, mas pouco
eficaz em infectar humanos,
por enquanto. O H1, um dos
que mais circula entre pessoas
e responsável pela grande pandemia de 1918, também sucumbiu ao novo anticorpo. Já o H3,
uma variedade importante,
ainda está fora de alcance.
Mesmo com algumas lacunas
a preencher, porém, os cientistas já mostram entusiasmo.
Santa vacina
"Isso marca o primeiro passo
na direção do "Santo Graal" da
imunização contra o influenza:
o desenvolvimento de uma vacina universal de proteção
abrangente", afirmou Ian Wilson, pesquisador do Scripps,
em comunicado à imprensa.
"Uma vacina assim poderia ser
dada a uma pessoa apenas uma
vez e agir como um protetor
universal contra a maioria dos
subtipos de gripe."
O problema agora será tentar
encontrar uma maneira de
criar uma vacina que estimule o
corpo a produzir o anticorpo
correto. Uma outra estratégia
seria produzir anticorpos monoclonais -técnica que fabrica
anticorpos idênticos em série.
Essa abordagem, porém, ainda
é cara e pouco prática.
Segundo os cientistas do
Scripps, é difícil dizer quão próxima está a vacina definitiva
contra a gripe, mas conhecer a
estrutura de uma molécula como o anticorpo CR6261 é um
passo importante no caminho.
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