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Brasil terá previsão diária de gás ozônio
Poluente produzido por carros e queimadas e "exportado" a grandes distâncias terá seus níveis monitorados pelo Inpe
Pesquisador diz que boletins
diários podem ser úteis para
moradores de São Paulo e
da Amazônia, regiões mais
afetadas pelo composto
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de junho, o Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) deve pôr na internet a previsão para o dia seguinte da poluição por ozônio,
um dos poluentes mais nocivos
à saúde humana.
Até agora, a previsão de qualidade do ar do Inpe mostra
apenas a concentração de monóxido de carbono e de material particulado (meioambiente.cptec.inpe.br).
Saulo Freitas, pesquisador
do Cptec (Centro de Previsão
de Tempo e Estudos Climáticos) do Inpe, espera que a previsão seja útil para a população.
"Assim como as pessoas se preparam para um dia de chuva,
também poderão se preparar
para um dia poluído por ozônio", afirma. Num dia com alta
concentração de ozônio, por
exemplo, não é indicado que se
pratique exercícios ao ar livre.
Na capital paulista, onde o
ozônio é o maior culpado pela
qualidade do ar ruim, os veículos são os principais responsáveis por sua formação. Mas até
a região da Amazônia sofre
com o poluente -isso porque
as queimadas também propiciam a sua formação.
"Nós pensamos que o problema de poluição só ocorre
nas grandes cidades. Mas na estação seca, de muita queimada
na Amazônia, municípios menores podem ter qualidade do
ar pior do que regiões metropolitanas", diz Freitas.
Segundo ele, o Ministério da
Saúde tem um convênio com o
Grupo de Modelagem da Atmosfera e Interfaces do Inpe
para estudar a relação da qualidade do ar com doenças na região Norte do país.
Poluente do tipo secundário,
o ozônio se forma a partir de
reações químicas entre óxidos
de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis na presença de
luz solar. Poluente primário é
aquele emitido diretamente
pela fonte para a atmosfera.
Para fazer o modelo de qualidade do ar de ozônio foi necessário unir dados meteorológicos (já que vento, chuva e sol
influenciam a poluição), informações sobre as emissões dos
poluentes precursores e, ainda,
incluir equações para as reações químicas que ocorrem.
"É bastante complexo", afirma Freitas. Ele e a pesquisadora Karla Longo, da Divisão de
Modelagem e Desenvolvimento do instituto, são os responsáveis pelo trabalho.
Na opinião de Carlos Lacava,
da Cetesb (agência ambiental
paulista), apesar de a formação
de ozônio ter muitas variáveis e
o modelo provavelmente não
conseguir chegar a um dado
muito preciso, a previsão pode
ajudar a alertar para os dias
com tendência de nível alto do
poluente. A Cetesb e o IAG
(Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas),
da USP, também trabalham
num modelo de previsão da
qualidade do ar -entretanto,
ele ainda não está pronto.
Bandido e herói
O ozônio na estratosfera (a
cerca de 25 km de altitude) tem
a função de proteger a Terra
dos raios ultravioleta. Porém,
na troposfera (mais próximo ao
solo), onde as pessoas respiram, ele é tóxico.
Quando a qualidade do ar está ruim para ozônio, pessoas
com doenças respiratórias têm
os sintomas agravados e a população em geral pode apresentar ardor nos olhos, nariz e
garganta, tosse seca e cansaço.
Além de afetar a saúde, o ozônio também causa danos à vegetação e prejudica plantações.
O modelo não vai apenas antecipar o nível de ozônio no
país, mas mostrar o transporte
do poluente e de seus precursores a longas distâncias. Pode
ajudar, assim, a observar a contribuição do Brasil na formação
de ozônio em países vizinhos.
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