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Índios ganham US$ 50 mil pelo azul
do enviado especial
A Aveda Corp., fábrica de cosméticos dos Estados Unidos, já
deu cerca de US$ 50 mil para os
índios guarani-kayowa para poder
usar o pigmento azul que é extraído do jenipapo.
A empresa só faz cosméticos
com matéria-prima vegetal.
O dinheiro foi dado em forma de
benefícios. A empresa está construindo cem barracos de bambu e
sapê para os guarani morarem e
vai plantar 100 mil árvores na reserva, em Dourados (MS).
A Aveda está interessada na cor
do jenipapo porque são raríssimos
os pigmentos vegetais azulados. Só
existe uma alternativa no mercado, feita com a flor gardênia azul
por empresários japoneses.
A empresa ainda não usou o azul
do jenipapo em nenhum dos 700
produtos que comercializa. Planeja usá-lo no futuro.
May Waddington, 40, coordenadora de projetos da Aveda, diz que
a empresa optou por construir
barracos por causa da situação de
miséria dos guarani-kayowa. A
maioria vive sob lonas.
"É uma situação de quase favela", afirma. Os barracos de bambu
e sapé custam US$ 380 cada.
Criada pelo cabeleireiro austríaco Horst Rechelbacher, a Aveda ficou famosa por se recusar a usar
ingredientes petroquímicos em
seus produtos. Rechelbacher tem
ojeriza ao petróleo por causa da
suposta agressão à natureza que
seria o processo de extração.
É tão fanático na pregação das
benesses vegetais que foi apelidado de "Testemunha de jojoba",
em alusão ao sectarismo das Testemunhas de Jeová.
Waddington diz que, se a Aveda
chegar a um novo pigmento com o
jenipapo, a patente será feita em
nome da associação dos guarani. A
obtenção da cor não é nenhum segredo. Basta ralar jenipapo verde.
Segundo ela, é muito difícil os índios entenderem o que é patente
ou propriedade intelectual. Não é
fácil administrar o processo. "Eles
têm muitos problemas internos."
Os yawaná do Acre foram o primeiro grupo indígena a fazer um
acordo com a Aveda. Receberam
US$ 150 mil para fornecer e processar urucum.
(MCC)
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