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Grupo mede a espessura da crosta terrestre no Brasil
Camada tem entre 44 km e 36 km no Centro-Oeste, revela mapeamento da USP e da UnB; meta agora é investigar o subsolo do NE
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Munidos de explosivos e sensores sísmicos, pesquisadores
da USP e da UnB (Universidade
de Brasília) estão tornando as
profundezas do território brasileiro menos misteriosas. Eles
acabam de concluir a primeira
fase de um mapeamento da
profundidade da crosta terrestre no país, sondando o estado
de rochas a dezenas de quilômetros de profundidade.
O grupo já obteve um retrato
da crosta brasileira na chamada
Província Tocantins, subdivisão geológica que corresponde
mais ou menos ao Centro-Oeste, e agora parte para a Província Borborema (em linhas gerais, o Nordeste). "A médio prazo, queremos mapear todas as
regiões", diz José Eduardo Pereira Soares, da UnB.
Soares explica que, embora o
mapeamento da espessura da
crosta (basicamente a camada
mais superficial e sólida da Terra, sobre a qual se apóiam os
continentes) já tenha sido feito
na Europa e América do Norte,
imensos pontos de interrogação ainda restam. Na América
do Sul, apenas a região dos Andes já foi estudada em detalhe.
Estudar o Brasil é importante porque ele está na chamada
região intraplaca, ou seja, no interior de uma placa tectônica.
Essas placas lembram "balsas"
de rocha, movendo-se constantemente no "mar" de material
mais mole que está debaixo delas, e é em cima das placas que
os continentes se movem ao
longo de milhões de anos. Os
Andes estão bem em cima de
uma zona de colisão entre duas
placas, enquanto o Brasil está
inteiro sobre uma delas.
Só dá para observar indiretamente a fronteira da crosta. No
projeto brasileiro, buracos de
50 m de profundidade foram
preenchidos com explosivos e
tamponados com brita, ao longo de uma linha de 530 km de
comprimento, no interior de
Goiás. Sensores espaçados a cada 2,5 km registraram as reverberações da explosão -dependendo do tipo e da espessura
das rochas, os sensores registravam ecos diferentes.
Esse primeiro mapeamento
revelou grandes descontinuidades em alguns pontos: basta
dizer que a variação de profundidade da crosta fica entre 44
km (nos pontos mais profundos) e 36 km (nos mais rasos).
"As estruturas se refletem no
fundo: em áreas muito altas ou
mais baixas, essas diferenças
aparecem nas camadas inferiores da crosta também", diz Reinhardt Fuck, pesquisador da
UnB que participa do trabalho.
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