São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2010

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Sexo oral de morcego leva Nobel da pesquisa maluca

Prêmio Ig Nobel também laureou "receita" de montanha-russa para asma

Premiação faz 20 anos nos EUA com pompa, com cinco nobelistas "de verdade" na festa de entrega em Harvard

RAFAEL GARCIA
EM CAMBRIDGE (EUA)

O Ig Nobel, versão satírica dos prêmios Nobel que elege os trabalhos mais esdrúxulos e inusitados da ciência, honra neste ano vários experimentos trabalhosos e cuidadosamente projetados.
Entre as pesquisas há um tratamento para asma que indica passeios de montanha-russa (prêmio de Medicina) e uma técnica contra escorregões no solo congelado que consiste em usar as meias sobre os sapatos (prêmio de Física).
Outros ganhadores do prêmio Ig Nobel deste ano, porém, conduziram "testes" não tão bem projetados, como os bancos Lehman Brothers e Goldman Sachs (pivôs da crise financeira mundial), vencedores do prêmio de Economia.
Em Química, um dos ganhadores foi a petroleira BP, responsável pelo vazamento no golfo do México. A BP foi premiada por "derrubar a velha crença de que óleo e água não se misturam".

POMPA E CIRCUNSTÂNCIA
O Ig Nobel, que alega escolher pesquisas que fazem as pessoas "rirem e depois pensarem", cresce em pompa a cada ano. Na cerimônia de entrega ontem à noite, num teatro da Universidade Harvard (EUA), estavam presentes cinco ganhadores de prêmios Nobel de verdade.
Ao lado deles estavam sentados autores de oito das dez pesquisas premiadas com o Ig Nobel 2010. Todos custearam a própria viagem para participar do evento.
Já virou uma tradição no Ig Nobel incluir pesquisas do campo da zoologia entre as vencedoras. O prêmio de Biologia foi para os chineses que descobriram a prática do sexo oral entre morcegos. Neste ano, um grupo de pesquisa foi agraciado pela segunda vez. Toshiyuki Nakagaki e seus colegas foram premiados por mostrar que micetozoários -micróbios parentes da ameba que se espalham como bolor- deixam trilhas que podem inspirar malhas ferroviárias.
O japonês tinha sido ganhador de um dos prêmios em 2008 por mostrar que essas criaturas sabem solucionar labirintos. Micro-organismos são alvo de uma homenagem especial em 2010, a 20ª edição do prêmio. Na cerimônia de entrega foi executada uma "Ópera Bacteriana", baseada na história dos micróbios dos dentes de uma mulher.

PUBLICAR PARA PERECER
Uma das qualidades que os trabalhos vencedores do Ig Nobel têm demonstrado cada vez mais é o de terem sido publicados em revistas científicas razoavelmente respeitáveis, depois de passarem pelo crivo de revisores.
Enquanto pesquisadores como Nakagaki ganham páginas de publicações prestigiosas como a revista "Science", porém, outros acabam ficando conhecidos só quando ganham o prêmio.
Para publicar seu estudo no "New Zealand Medical Journal", Lianne Parkin, ganhadora em Física, submeteu 30 voluntários ao teste em que vestiam meias sobre os sapatos para caminhar em uma calçada congelada.
Ilja van Beest, ganhador em Medicina, por sua vez, submeteu 25 asmáticas a passeios de montanha-russa.
Richard Stephens, um dos ganhadores do Ig Nobel da Paz deste ano, provou que as palavras de baixo calão ajudam quem as profere a aliviar um momento de dor. Seu experimento comparou o resultado com voluntários que tinham de praguejar usando palavras educadas. Está tudo no periódico "Neuroreport".

Confira relato sobre entrega do prêmio no blog laboratorio.folha.blog.uol.com.br


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