São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Empresa quer criar foguete 'retornável'

Propulsor voltaria à Terra após missões, o que permitiria uma redução milionária no custo das missões espaciais

Conceito, que até agora não foi feito nem pela Nasa, é da empresa privada Space X e não tem data de lançamento

GIULIANA MIRANDA

DE SÃO PAULO

A empresa privada de transporte espacial Space X quer ir aonde nem a Nasa foi: construir um foguete reutilizável, que volta à Terra após liberar sua carga no espaço.
"Um foguete totalmente reutilizável poderia diminuir drasticamente o custo de transportar carga e pessoal ao espaço, tornando a exploração e colonização de outros mundos, como Marte, mais factível", disse Elon Musk, presidente da companhia.
Segundo o empresário, que também é cofundador do maior sistema de pagamentos da internet, o PayPal, o custo de lançamento de um foguete de sua empresa, que hoje vai de US$ 50 milhões a US$ 60 milhões, poderia cair para "apenas" US$ 200 mil com a nave reutilizável.
Isso porque, basicamente, seriam eliminados os gastos com a produção e montagem dos componentes, precisando trocar, grosso modo, apenas o combustível.

REPETECO
O discurso de apresentação do novo foguete, que ainda não teve o nome nem as configurações técnicas divulgados, foi feito com alarde durante um pronunciamento de Musk em Washington.
Divagações sobre o barateamento sem precedentes das missões espaciais com o uso dos foguetes reutilizáveis, porém, não são inéditas.
Pouco mais de 30 anos atrás, foi esse o principal argumento da Nasa em defesa dos ônibus espaciais.
Os "space shuttles", que até agora seguem como as únicas naves reutilizáveis (com exceção de alguns componentes) em missões tripuladas, aposentaram-se em agosto deste ano, após uma série de problemas de segurança detectados.
Segundo a Nasa, eles seriam uma opção muito mais barata, com cada missão custando cerca de US$ 20 milhões. No entanto, o custo de todo o projeto, até 2010, foi de US$ 209 bilhões.
Cada uma das missões, portanto, custou US$ 1,6 bilhão, um valor bem distante do original otimista.
A nave russa Soyuz e a chinesa Shenzhou, ambas em estilo cápsula, só podendo ser usadas uma vez, são atualmente a única alternativa das agências espaciais para chegar ao espaço. A Nasa, inclusive, já anunciou que seu próximo projeto também seguirá esse estilo.

CONCEITO
Apesar do ceticismo, o presidente da Space X diz acreditar que o conceito poderá ser trazido à realidade pela companhia, que já tem um contrato com a Nasa para transportar material até a ISS (Estação Espacial Internacional) usando seu foguete "descartável" que já existe, mas ainda está em fase de testes.
Embora ainda esteja em estado embrionário e sem data para sair do papel, o foguete retornável de Musk já ganhou um vídeo mostrando como seria a sua operação.
Ele decolaria como um convencional e, no espaço, liberaria normalmente sua carga. Depois, os dois módulos restantes se desacoplariam e voltariam à Terra.
Eles devem descer na vertical e pousar usando uma espécie de apoio com quatro "pés". Depois, bastaria juntá-los na próxima missão.


Próximo Texto: Químico da Unicamp acusado de fraude é suspenso por 45 dias
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.