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Com promessa de meta contra desmate, Brasil chega fortalecido para conferência
DA REPORTAGEM LOCAL
A proteção das florestas tropicais como forma de conter as
emissões de CO2 estará entre os
principais temas em discussão
em Poznan, e o Brasil chega
preparado para ser um dos líderes nesse debate. Uma das
propostas defendidas pelo país
será a de que a redução do desmatamento seja contabilizada
no esforço de mitigação de países em desenvolvimento e que
as nações ricas os apóiem com
tecnologia e financiamento.
O Brasil chega ao encontro
bem municiado para esse debate. Depois de divulgar que o
desmatamento na Amazônia
ficou estável em relação ao ano
anterior, o governo apresenta
hoje o Plano Nacional de Mudança Climática, que prevê
uma meta redução de de 40%
na taxa de desmatamento entre 2006 e 2010, em relação à
média do período 1996-2005.
Segundo o diplomata Luiz
Alberto Fiqueiredo Machado,
brasileiro que preside o grupo
que negocia o acordo pós-Kyoto, a área de florestas é uma das
que possui maior consenso até
agora. Ele elaborou o documento que irá orientar as discussões em Poznan -o texto
será aperfeiçoado no decorrer
do encontro e deve servir de
base para um primeiro esboço
daquilo que será decidido em
Copenhague, em 2009.
O governo brasileiro era bastante criticado por não querer
assumir metas internas. O Brasil e outros países em desenvolvimento são desobrigados de
reduções compulsórias de suas
emissões pelo acordo de Kyoto,
mas têm sido pressionados pelas nações ricas a adotá-las.
No caso do Brasil, o desmatamento responde por mais de
70% das emissões de gases-estufa. A adoção de meta mensurável, reportável e verificável
de redução no desmate será a
maior contribuição do país no
combate à crise do clima, e diplomatas brasileiros esperam
ganhar argumentos para cobrar de nações ricas o financiamento à sua política de clima.
A conferência fará uma revisão do Protocolo de Kyoto e
avaliará em que medida é possível ampliar o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo
(MDL), através do qual países
industrializados investem em
projetos ambientais nos países
pobres em troca de créditos de
carbono. O esquema, hoje, não
inclui a proteção de florestas
como valor negociável.
O governo brasileiro, porém,
quer mesmo que o desmatamento evitado seja contemplado num mecanismo distinto do
MDL. Segundo analistas também contrários à medida, a inclusão de florestas no MDL
derrubaria a cotação de mercado do carbono e atrapalharia a
adoção de metas.
(AFRA BALAZINA)
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