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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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TRAGÉDIA

Nasa havia perdido contato por rádio 16 minutos antes da aterrissagem; Casa Branca não vê indícios de atentado

Acidente com Columbia mata 7 tripulantes

Reuters/Reproduções Fox News e ABC
Imagem de TV mostra destroços da nave em área rural do Texas


Scott Lieberman/Tyler Morning Telegraph/Associated Press
Trajetória da Columbia ao queimar na atmosfera


Karl Ronstrom/Reuters
Homenagem aos astronautas na área de visitantes do Centro Espacial Kennedy


DA REDAÇÃO

O ônibus espacial Columbia se partiu em pedaços ontem ao penetrar na atmosfera, em seu trajeto de retorno à Terra. Morreram os sete astronautas que por 16 dias haviam participado de experimentos científicos no espaço, entre eles o primeiro tripulante espacial israelense, Ilan Ramon, 48.
A Nasa não sabe quais são as causas do acidente, mas o diretor da agência norte-americana de aeronáutica e espaço, Sean O'Keefe, anunciou que um grupo independente vai investigar o caso. "No momento não temos indicação alguma de que o desastre tenha sido causado por algo ou alguém no solo", disse O'Keefe. Ele também anunciou que está organizando uma missão para localizar os restos dos astronautas.
A tripulação contava com seis americanos, além do israelense Ramon: o comandante Rick Husband e os astronautas Michael Anderson, David Brown, Kalpana Chawla (nascida na Índia), Laurel Clark e William McCool.
O controle da missão perdeu contato com a nave por volta de meio-dia (hora de Brasília), cerca de 16 minutos antes do previsto para a aterrissagem, no Centro Espacial Kennedy, sul da Flórida.
Pouco depois, um porta-voz informou que fragmentos do Columbia foram vistos sobre o Estado do Texas. Foram ouvidas e relatadas três explosões. Imagens transmitidas pela televisão mostravam sucessivos clarões, dos quais surgiam linhas brancas de fumaça, paralelas e espessas, caindo num ângulo de 45 graus.
O Columbia era o mais antigo dos ônibus espaciais e fazia sua 28ª missão, a 113ª do programa. O acidente de ontem foi o mais sério desde a explosão do Challenger, em 1986, que matou sete tripulantes. Os tripulantes do Columbia haviam prestado homenagem à sua memória na terça-feira, quando o acidente fez 17 anos.

Sem indícios de terrorismo
Gordon Johndroe, porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, disse não dispor de informações de que a tragédia pudesse ser fruto de terrorismo. O presidente George W. Bush, que estava em Camp David (Maryland), voltou a Washington e fez um pronunciamento no início da tarde.
O fato de um coronel israelense estar entre os tripulantes determinou medidas extraordinárias de segurança no lançamento da nave, em 16 de janeiro. Havia o temor de um atentado terrorista.
No momento da perda de contato, segundo informação da Nasa, o Columbia estava a cerca de 63 km de altitude e a uma velocidade de mais de 20.000 km/h (cerca de 18 vezes a do som). Essa situação deixava a nave fora do alcance de mísseis terrestres.
O vôo havia começado com um incidente no lançamento: um pedaço de espuma de isolamento no tanque externo de combustível se desprendeu, e se presume que tenha atingido a asa esquerda do ônibus espacial. Leroy Cain, principal diretor de vôo do controle da missão, havia dito a repórteres anteontem que o dano causado à asa havia sido mínimo e não representava risco para a missão.
Segundo a Nasa, o primeiro sinal de alarme, ontem, foi a interrupção de informações dos sensores de temperatura no sistema hidráulico dessa asa, a esquerda. "As primeiras indicações de um problema potencial ocorreram minutos antes das oito horas no horário padrão central [meio-dia no horário de Brasília]", disse Ron Dittemore, gerente do programa de ônibus espaciais. "Elas foram seguidas segundos e minutos depois por vários problemas, incluindo indicações de perda da pressão dos pneus do trem de pouso principal esquerdo."

Última transmissão
A última comunicação por rádio do controle da missão em Houston (Texas) para o ônibus espacial não indicava, porém, a existência de problemas graves: "Columbia, [aqui é] Houston, vemos suas mensagens sobre pressão de pneus, e não entendemos sua última [comunicação]".
O comandante da missão, Rick Husband, responde calmamente: "Câmbio, ma..." (em inglês: "Roger, buh..."). A transmissão silencia por vários segundos. Em seguida, entra o ruído de estática.
Pedaços da nave foram encontrados em vários locais do leste do Texas e no vizinho Estado de Louisiana. O Exército enviou helicópteros de Fort Hood (Texas) em missão de busca e resgate. A Nasa pediu que o público não recolhesse destroços, por perigo de intoxicação, mas supostos pedaços da nave chegaram a ser oferecidos no site de leilões e-Bay, oferta retirada do ar em seguida.
No Iraque, a tragédia foi recebida com festa e foi interpretada como uma vingança de Deus.


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