São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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PF não coibiu desmate de julho a setembro de 2007

Número de policiais para combate a crimes ambientais caiu de 740 para 89

Autuações foram reduzidas após ida de equipes para os Jogos Pan-Americanos, diz governo, que promete mais ações conjuntas em 2008

Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Área de floresta amazônica degradada no município de São Félix do Xingu, no Estado do Pará


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre os meses de julho e setembro, período em que tradicionalmente ocorrem as ações mais intensas de desmatamento, a Polícia Federal não participou de nenhuma ação de repressão a crime ambiental de caráter nacional.
Conforme os dados fornecidos pela assessoria de imprensa da PF, em 2007 o órgão comandou sete operações nacionais que tiveram como alvo o combate à exploração de madeira e o desmatamento ilegais.
Houve um período de vacância de ações entre 29 de junho e 18 de outubro, datas em que ocorreram as operações Ouro Verde II, no Pará, e Wood Stock, em Minas Gerais.
Em 2006, a PF participou de 12 operações conjuntas com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), entre outros órgãos de investigação. Três delas ocorreram entre agosto e setembro e levaram 126 pessoas à prisão. O total do ano foi de 260 prisões, contra 127 realizadas no ano passado.
O efetivo da PF destacado para a repressão a crimes ambientais também diminuiu drasticamente entre 2006 e 2007. Caiu de 740 para 89 homens, conforme a contabilidade feita pelo Ibama para as ações integradas com a PF.
Chefe da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico, o delegado federal Álvaro Palharini disse à Folha que, "se houve diminuição das ações, um dos fatores responsáveis foram os Jogos Pan e Para-Pan-Americanos", para os quais foram destacados, entre julho e agosto do ano passado, cerca de 1.800 policiais federais para atuar no Rio de Janeiro -aproximadamente 20% de todo o efetivo de que a PF dispõe para atuar no país inteiro.
"É fato que isso pode ter tido uma repercussão no desmatamento. Mas os prejuízos, se é que existiram mesmo, não foram somente na área ambiental. Além disso, os números não podem ser lidos de uma maneira simples assim. É preciso verificar a complexidade das ações desenvolvidas pela PF e não apenas avaliá-las pela quantidade", disse Palharini.
Já o balanço feito pelo Ibama aponta um aumento de 27% no número de ações de fiscalização entre 2006 e 2007 (de 105 para 134 investidas contra ilegalidades), apesar da drástica redução da participação da PF neste tipo de trabalho.
Houve uma redução no número de autos de infração emitidos, de 6.640, em 2006, para 5.745, em 2007. Ainda assim, as multas aplicadas subiram de R$ 1,12 bilhão para R$ 1,45 bilhão no mesmo período.
"Em 2007, o número de ações conjuntas foi reduzido porque tivemos os jogos no Rio", concorda Flávio Montiel, diretor de Proteção Ambiental do Ibama.
"Mas eu não posso afirmar se isso tem um reflexo direto sobre o desmatamento. Com certeza a presença maior da polícia, a repressão, isso inibe o desmatamento, mas, para nós, o principal fator responsável por esse aumento está nas atividades agropecuárias."
Ainda segundo Montiel, as ações conjuntas entre Ibama e PF serão retomadas em 2008. "E em grande quantidade, eu posso lhe garantir. Vamos fechar esse cronograma em breve", afirmou.


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