São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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MEDICINA

Cientistas identificam indicadores internos para apontar expectativa de vida
A determinação da expectativa da vida a partir da composição genética de um ser humano, conforme mostrada no filme "Gattaca", ainda é pura ficção. Mas um resultado parecido pode ser obtido a partir de medições do metabolismo de um adulto, como temperatura corporal e taxa de insulina no sangue. Cientistas parecem ter localizado indicadores confiáveis da expectativa de vida humana.
O estudo publicado hoje na revista "Science" por uma equipe do Instituto Nacional do Envelhecimento, em Baltimore, nos EUA, indica três possíveis "cronômetros" naturais. Além dos índices de temperatura e insulina, outra substância apresenta dados significativos. Trata-se do hormônio chamado sulfato de deidroepiandrosterona (os cientistas já adotaram uma sigla, DHEAS, para designar o composto impronunciável).
Sabe-se que esse hormônio declina em seres humanos com o passar dos anos e especula-se que ele seja importante na manutenção da saúde. Sua quantidade poderia servir para estimar quantos anos ainda restariam a um indivíduo. As conclusões vieram da comparação de dados de centenas de homens saudáveis, em que se verificou que os que viviam mais tinham taxa maior de DHEAS.
"Por enquanto, o DHEAS é o melhor marcador", diz George Roth, um dos autores do estudo.
Além de identificar potenciais marcadores da expectativa de vida, o estudo juntou a fome com a vontade de comer. Ou melhor, de viver. Eles constataram, em macacos resos, que esses marcadores de longevidade aparecem em indivíduos submetidos à restrição calórica na dieta. "Ainda precisamos completar o estudo de sobrevivência com nossos macacos", conta.
A variação desses níveis e da longevidade em humanos pode estar ligada a várias particularidades. "Fatores genéticos podem ser importantes", diz Roth, "mas também pode haver fatores no estilo de vida que ainda não notamos." (SALVADOR NOGUEIRA, DA REPORTAGEM LOCAL)

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