São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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MEDICINA

Estudo da Universidade da Califórnia mostra que dieta rica em gordura de peixe retardou mal em camundongos

Peixe pode retardar doença de Alzheimer

LAURA NELSON
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma dieta rica em gorduras de peixe pode proteger contra o mal de Alzheimer, afirmam pesquisadores da Califórnia, nos EUA.
Durante cinco meses, os cientistas administraram uma dieta à base de peixe a camundongos geneticamente modificados a desenvolver Alzheimer -doença que destrói as células do cérebro, causando demência e morte. Os sintomas da enfermidade nesses animais no período e o dano aos neurônios foram reduzidos drasticamente em relação a camundongos que receberam uma alimentação regular.
Os cientistas sabem que certos tipos de peixe, que têm uma alta concentração de alguns ácidos graxos (do tipo ômega 3), podem proteger contra doenças de cérebro. Isso foi verificado, por exemplo, em imigrantes japoneses no Brasil -eles sofriam mais de demência que os japoneses no Japão, provavelmente porque seu consumo de peixe foi reduzido.
"Esse estudo apóia a opinião de que uma dieta com muito peixe pode reduzir o risco de mal de Alzheimer", afirmou o neurocientista Greg Cole, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, autor do estudo, publicado no periódico científico "Neuron" (www.neuron.org).
Não há tratamentos capazes de impedir ou retardar o mal de Alzheimer. As causas da doença tampouco são bem compreendidas pelos cientistas.
O novo estudo oferece uma nova forma de combater os sintomas da moléstia. Ele mostrou que um ácido graxo em particular, o DHA (ácido docosahexaenóico), reduziu dramaticamente o efeito do gene associado à doença, ao menos nos camundongos. Sem DHA na dieta, os animais sofreram os sintomas.

Memória de volta
O grupo também descobriu que camundongos sem DHA na dieta apresentavam falhas de memória. Quando eles receberam o ácido graxo, o problema foi eliminado.
"O DHA tem o papel importante do proteção das células de cérebro", afirmou Cole à Folha. Os cientistas não têm certeza de como o DHA funciona, mas eles acreditam que ele se integra à membrana das células do cérebro, aumentando a sua flexibilidade. Acredita-se também que o DHA proteja contra reações que prejudicam proteínas neuroniais.
"Esse estudo investiga a questão interessante: um fator ambiental importante -a dieta- aumenta a probabilidade de dano pelo mal de Alzheimer?", perguntam os neurocientistas Lennart Mucke e Robert E. Pitas, da Universidade da Califórnia em San Francisco, em comentário ao estudo de Cole na "Neuron".
Mucke e Pitas acreditam que mais trabalho seja necessário para determinar o que o DHA faz, mas eles têm certeza de que, enquanto se espera mais informação, comer peixe é uma boa idéia.
Fontes baratas de DHA são peixes de água fria, como salmão, sardinha e arenque. Esses peixes comem algas, que contêm DHA. Outra opção são ovos, já que galinhas de granja muitas vezes recebem DHA na dieta.


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