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BIOTECNOLOGIA
Altos preços levam empresas de ponta a repetir problemas de imagem da indústria farmacêutica tradicional
EUA reagem a nova geração de remédios
ANDREW POLLACK
DO "NEW YORK TIMES"
As reclamações da indústria da
biotecnologia sobre como é difícil
conseguir aprovar medicamentos
na FDA (a agência de alimentos e
fármacos dos Estados Unidos) diminuíram. Agora, as empresas
têm uma nova preocupação: fazer
com que as pessoas paguem pelos
remédios que fabricam depois
que eles são aprovados.
Os medicamentos desenvolvidos pelas empresas de biotecnologia estão entre os mais caros do
mundo. Uma quantidade suficiente para um ano normalmente
custa aos pacientes ou às companhias de seguro cerca de US$ 10
mil e, em alguns casos, muito
mais. Em consequência, os pacientes, as seguradoras e o sistema
público de saúde muitas vezes resistem a pagar por eles.
As vendas foram menores do
que o esperado para vários remédios aprovados no último ano,
pelo menos em parte por causa da
resistência aos preços e da dificuldade em conseguir reembolso das
companhias de seguro. A lista inclui Amevive, primeiro remédio
contra a psoríase criado por engenharia genética, Fuzeon, primeira
de uma nova classe de drogas
contra a Aids, e FluMist, primeira
vacina contra a gripe que é aplicada como spray, e não como injeção no braço.
Além disso, o sistema público
de saúde mudou suas regras de
reembolso, diminuindo os pagamentos por alguns remédios numa média de 35%, de acordo com
a Organização da Indústria de
Biotecnologia, principal associação das empresas do ramo.
Nova lei
A indústria está apostando na
ajuda de uma nova lei sobre o sistema público de saúde, aprovada
pelo Congresso na semana passada. O principal ponto da legislação, que faz com que o sistema
ajude os idosos a pagarem por
seus remédios, não é o principal
ponto para a indústria biotecnológica -muitos medicamentos
fabricados por ela já são cobertos
pelo sistema, porque são administrados por injeções nos hospitais ou consultórios médicos.
Mas outros pontos da lei poderiam estabelecer precedentes para
o reembolso de remédios biotecnológicos usados por pacientes
fora do hospital. A nova legislação
também lida com algumas das
outras reclamações das empresas
sobre mudanças de regras no sistema público neste ano.
"Era uma questão pequena dentro do contexto da lei do sistema
de saúde, mas uma grande questão para nós", disse Carl Feldbaum, presidente da Organização
da Indústria de Biotecnologia.
O sistema havia determinado,
por exemplo, que o novo medicamento da Amgen contra anemia,
Aranesp, era "funcionalmente
equivalente" a um medicamento
mais antigo e portanto não poderia ser utilizado em pedidos de
reembolso extra. A nova lei impede que o sistema de saúde declare
que certos remédios são funcionalmente equivalentes a outros.
Apesar dos efeitos da nova lei,
no entanto, espera-se que os problemas de pagamento continuem. Quando os medicamentos
biotecnológicos eram raros, eles
não sobrecarregavam o sistema
de saúde, apesar de seus altos preços. Mas tais drogas estão proliferando, tornando-se o tratamento
padrão para artrite reumatóide,
por exemplo, substituindo um
medicamento genérico e barato.
Para alguns problemas, os médicos planejam usar dois ou mais
remédios biotecnológicos.
"O reembolso vai realmente se
tornar um problema quando você
tiver dois remédios individuais
que o médico quer usar, cada um
custando US$ 10 mil", disse Joel
Sendek, analista de biotecnologia
da firma de investimentos Lazard.
Ainda assim, afirma ele, os problemas com reembolsos e altos
preços não afetaram tanto assim o
crescimento da indústria. Os medicamentos que tiveram um início difícil neste ano têm outros
problemas, afirma ele.
Em geral, o grosso da indignação pública contra a alta dos preços de remédios tem sido dirigido
contra as grandes companhias
farmacêuticas, que são frequentemente acusadas de criar produtos
idênticos a outros e de fazer marketing agressivo para promovê-los. As companhias de biotecnologia são menores e geralmente
têm desenvolvido remédios inovadores, usados para tratar necessidades médicas não-atendidas.
Competição
Mas a competição entre medicamentos biotecnológicos está
chegando. Há três remédios quase idênticos desse tipo para a esclerose múltipla, três drogas similares para a artrite reumatóide e
vários medicamentos em desenvolvimento contra o câncer que
funcionam da mesma forma.
Os executivos do ramo dizem
que está ficando mais importante
do que nunca determinar a relação custo-benefício dos medicamentos que produzem. "Você
precisa ter uma vantagem competitiva que lhe dê uma razão clara
para o preço alto", diz George
Morrow, da Amgen.
Uma estratégia é realizar estudos sobre a redução da permanência em hospitais que um novo
medicamento pode proporcionar. Outra é se certificar de que
um remédio será usado apenas
pelos pacientes que ele tem maior
possibilidade de ajudar.
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