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Meta contra o desmate ainda é "tímida", diz Minc
Ministro afirma que números de plano para o clima serão revistos anualmente
Presidente Lula quer reunir prefeitos das áreas mais desmatadas para implantar metas municipais contra devastação na Amazônia
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma série de ressalvas e
admissões de ajustes e mudanças nos próximos anos, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou ontem metas de
redução na taxa de desmatamento para a Amazônia Legal.
O objetivo é que, em 2017, a devastação anual da floresta atinja no máximo 5.000 km2 contra
os 11,9 mil atuais.
As metas integram o Plano
Nacional Sobre Mudança do
Clima, anunciado ontem por
Minc e pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em evento
no Palácio do Planalto. Como a
Folha antecipou na edição de
sábado, a meta de redução do
desmatamento será dividida
em três quadriênios (veja quadro à direita).
"Temos metas. Elas são tímidas ainda, mas podemos melhorá-las", disse o ministro do
Meio Ambiente, que admitiu
rever os objetivos. "Elas [metas] podem estar subestimadas
ou superestimadas. Faremos
reavaliações anuais. O plano
não é uma obra acabada."
Além disso, Minc apresentou
condicionantes para o cumprimento das metas. Disse que a
responsabilidade não é só da
União, mas também dos governos estaduais e da sociedade civil, e afirmou que, além de contratar cerca de 3.000 novos fiscais ambientais, o governo federal precisa, entre outros pontos, fazer a regularização fundiária e aprovar o zoneamento
econômico-ecológico.
Sobre a regularização fundiária, o governo prepara um plano para iniciá-la, batizado Terra Legal. O Incra é o órgão responsável pelo processo, mas reclama de falta de estrutura física e verbas. Já o zoneamento
econômico-ecológico da Amazônia Legal, assim como o zoneamento específico da cana,
continua parado no governo.
Outra meta anunciada é a ampliação da área de floresta plantada do país. O plano fala em
dobrar a atual área até 2020,
passando de 5,5 milhões para 11
milhões de hectares, sendo 2
milhões de hectares em espécies nativas. O resto seria
preenchido por eucaliptos.
A definição dessas metas deve ser usada pelo governo brasileiro como ferramenta diplomática, passando o chapéu para
recolher doações ao Fundo da
Amazônia. A Noruega, por
exemplo, já se comprometeu a
injetar US$ 1 bilhão. "Podemos
pensar em US$ 1 bilhão por
ano", disse ontem Minc.
Sobre a contribuição contra o
aquecimento global, o plano
prevê que, com as metas de desmatamento, o país deixará de
emitir 4,8 bilhões de toneladas
de dióxido de carbono. O plano
fala ainda na ampliação do uso
dos biocombustíveis, dos programas de reciclagem e para
economizar energia elétrica.
Lula encerrou o evento com
uma rápida fala. Disse que vai
conversar com o ministro Tarso Genro (Justiça) sobre a ampliação da fiscalização na Amazônia e que, no próximo ano,
reunirá no Planalto os prefeitos
da lista dos 36 municípios que
mais desmatam no país.
"É preciso que a gente discuta com eles e estabeleça metas",
disse o presidente. "Para isso,
temos que estender uma mão
nos dispondo a ajudá-los, mas
com a outra mão temos que dizer que haverá punição, se não
cuidarem corretamente da preservação ambiental."
Obrigação interna
Apesar de verem avanços no
plano, ambientalistas criticam
o fato de ele condicionar o cumprimento das metas à obtenção
de recursos externos. "O governo deixa uma justificativa
pronta para descumprir as metas", diz o diretor de políticas
públicas do Greenpeace, Sérgio
Leitão. "Ele fala que o mundo
precisa ajudar a preservar a
Amazônia, como se isso não
fosse, antes de tudo, uma obrigação de nós, brasileiros."
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