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CIÊNCIA
HIV pode ser combatido logo após a infecção
da "Reuters"
Pesquisadores dos EUA indicam que o uso de drogas anti-HIV depois de relações sexuais
desprotegidas pode impedir a infecção pelo vírus da Aids. A droga
funcionaria como se fosse uma
"pílula do dia seguinte".
No entanto, não há como garantir que a técnica acabe de uma
vez com o HIV, pois o vírus costuma se esconder no corpo, dificultando sua identificação.
Os cientistas, do Departamento
de Saúde Pública da Califórnia e
da Universidade da Califórnia em
San Francisco, avaliaram 401 pessoas que compareceram a um
desses dois centros procurando
ajuda. Elas estavam preocupadas
pois haviam praticado sexo sem
preservativos ou dividido agulhas
durante o uso de drogas.
Mitchell Katz, que coordenou a
pesquisa, usou nos voluntários a
terapia chamada profilática pós-exposição ao HIV (PEP, na sigla
em inglês). Ela é usada em pessoas do setor de saúde que acidentalmente se expuseram ao
HIV. Foi a primeira vez que o PEP
foi testado na comunidade geral.
A pesquisa foi apresentada na 7ª
Conferência sobre Retrovírus e
Infecções Oportunistas, em San
Francisco, nos EUA.
A intenção de Katz era avaliar se
a administração de drogas potentes anti-HIV poderia impedir a
infecção em pessoas que haviam
sido recém-contaminadas.
No entanto, o estudo não pôde
determinar se essas 401 pessoas
realmente haviam sido infectadas
pelo HIV. Segundo Katz, o grupo
de voluntários era pequeno e isso
já limita a chance de infecção.
Mas o pesquisador ressaltou
que o risco estimado de uma pessoa ser infectada após praticar sexo anal desprotegido varia de 1
em 225 vezes a 1 em 25 vezes.
As pessoas que compareceram
à clínica faziam parte dos grupos
de risco -mulheres que praticavam sexo sem camisinha com
múltiplos parceiros, homens que
faziam sexo anal desprotegidos e
usuários de drogas.
A pesquisa concluiu que 94%
dos voluntários estavam expostos
ao vírus. A maioria, por falta de
proteção durante o sexo anal.
Todos receberam durante quatro semanas uma droga chamada
Combivir, uma pílula combinada
que contém os remédios AZT e
3TC, usada para tratar pacientes
infectados pelo vírus da Aids. Se
os voluntários corriam o risco de
ter sido expostos a um vírus resistente, a combinação de drogas incluía remédios mais potentes.
Katz disse que o tratamento era
aparentemente seguro e que as
pessoas apresentaram poucos
efeitos colaterais, entre eles náusea, dor de cabeça e diarréia.
A maioria dos voluntários não
sabia do risco que estava correndo. "Em 57% dos casos, eles não
sabiam que seu parceiro era HIV
positivo", disse Katz.
O pesquisador explicou que o
tratamento começou cerca de 33
horas após a exposição ao vírus.
Outros estudos indicaram que o
tempo ideal seria de até 36 horas
após a exposição ao HIV.
Katz disse que os pacientes aderiram bem à terapia, inclusive
melhor que os trabalhadores do
setor de saúde que receberam o
PEP. "A taxa de conclusão da terapia foi de 78%, enquanto os trabalhadores têm taxas entre 45% e
68%", disse.
Ele avaliou também que a maioria não estava usando o PEP como uma forma alternativa ao sexo seguro. "Geralmente, eles tinham poucos parceiros e não corriam o risco de passar por múltiplas exposições ao HIV", declarou. Cerca de 12% dos pacientes
voltaram à clínica após um segundo episódio em seis meses de pesquisa.
"Uma pessoa passou por quatro
tratamentos em cinco meses", informou. Mas Katz conseguiu
aconselhar essa pessoa a mudar
seu comportamento e aderir a
práticas sexuais mais seguras.
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