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ONU pede regras para a Antártida
DA REDAÇÃO
Os organismos que vivem no
continente mais hostil do planeta
podem se tornar uma rica fonte
de novos medicamentos e substâncias para a humanidade, mas
seu estudo precisa ser regulamentado antes que se transforme numa "corrida do ouro" biológica,
alerta um relatório divulgado ontem pelas Nações Unidas sobre
pesquisas na Antártida.
Vários dos seres que habitam o
continente gelado, em especial as
formas de vida microscópica, são
chamados de extremófilos, pois
são capazes de resistir a condições
extremas de temperatura, salinidade ou falta de água líquida.
Os truques genéticos e bioquímicos desenvolvidos por essas
criaturas para sobreviver a esses
ambientes inóspitos poderiam ser
usados nas mais diversas áreas da
indústria biotecnológica, no desenvolvimento de novos antibióticos ou de drogas contra o câncer, avalia o relatório, produzido
pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade das Nações
Unidas, em Tóquio.
"A prospecção biológica de extremófilos já está ocorrendo, e
certamente deve se acelerar na
Antártida e no oceano em volta
dele", afirmou Hamid Zakri, diretor do instituto, em declaração
oficial. "Este relatório sugere que
os esforços para explorar essa nova fronteira agora estão ameaçando ultrapassar a capacidade reguladora das leis nacionais e internacionais em relação a coisas como a posse de material genético, a
concessão de patentes sobre produtos que possam surgir a partir
dele e as conseqüências ambientais de explorar esses recursos."
Até agora, de acordo com o relatório, os projetos de bioprospecção na Antártida têm sido conduzidos por consórcios entre instituições públicas e privadas, reunindo de universidades a gigantes
multinacionais. Isso tem dificultado diferenciar pesquisa científica de projetos comerciais.
Muitas descobertas já têm aplicações comerciais projetadas, como uma glicoproteína na circulação de peixes antárticos que os
impede de congelar em temperaturas abaixo de zero. Substâncias
semelhantes também foram encontradas em bactérias e patenteadas nos EUA para aumentar a
vida útil de alimentos como sorvetes e vegetais congelados.
Segundo o relatório, o crescimento da bioprospecção em território antártico está acontecendo
sem que se tomem os cuidados
devidos para preservar os recursos naturais da região e sem resolver uma série de questões fundamentais sobre a regulamentação
dessas pesquisas. É preciso definir
se pesquisadores têm direito de
posse sobre informações e lucros
obtidas na região. O relatório está
disponível na internet
(www.ias.unu.edu/binaries/UNUIAS_AntarcticaReport.pdf).
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