São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006
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BRASIL NO ESPAÇO Astronauta diz que críticas contra gastos da viagem são saudáveis; segundo ele, vôo transforma ISS em "laboratório" para o país Pontes pede que cientistas usem estação
DA REDAÇÃO Na primeira entrevista que concedeu após se juntar aos tripulantes da ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla inglesa), o astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes defendeu a sua ida ao espaço como parte importante do programa espacial do país. A entrevista, concedida ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, foi gravada às 4h21 (horário de Brasília) de anteontem, pouco depois da chegada de Pontes à estação espacial. Desde que a viagem do astronauta foi confirmada, boa parte da comunidade científica criticou o gasto de US$ 10 milhões para garantir o lugar de Pontes na nave russa Soyuz TMA-8. O físico Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), chamou a jornada de "carona paga" e a comparou com comer a sobremesa antes da refeição. Pontes, porém, disse receber os comentários "de uma maneira bem saudável. Eu acho que toda crítica feita no sentido produtivo tem que ser levada em conta. E espero que os resultados dessa missão e todos os resultados que virão após essa missão demonstrem a viabilidade e a necessidade desse tipo de ação do programa espacial brasileiro". O astronauta disse que contava com os cientistas que criticaram a chamada Missão Centenário (batizada em homenagem aos cem anos do vôo do inventor Alberto Santos-Dumont com o avião 14bis) para aproveitar a ISS como plataforma de novos experimentos. "Quero que eles utilizem essa nova abertura, esse novo laboratório", disse Pontes. Na bagagem, o tenente-coronel da Força Aérea Brasileira já carregou consigo oito experimentos bolados por cientistas brasileiros, que foram criticados por supostamente trazer pouca contribuição nova em termos de pesquisa espacial. Na entrevista, concedida com exclusividade à Rede Globo e que não constava da agenda de Pontes divulgada anteriormente, o astronauta comentou a ausência de gravidade na estação espacial. Disse que era preciso cuidado nos primeiros dias, principalmente com o sistema vestibular (região do ouvido interno e do sistema nervoso responsável pelo sentido do equilíbrio), mas que, depois da fase da adaptação, "a sensação é muito agradável". Segundo a assessoria do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), a viagem de ida foi tão tranqüila que Pontes nem teria precisado tomar remédios contra enjôo. O astronauta disse que tudo estava correndo de forma "igual ou melhor do que eu jamais tinha sonhado", mas afirmou que não se tratava apenas da realização de seu sonho pessoal. "Vejo isso como a realização de uma missão para o Brasil. E que eu não seja o único, que eu seja aquele que abriu o caminho para os nossos jovens." No fim da conversa, comparou o azul da Terra à cor dos olhos de sua mãe. Com Folha Online e agências internacionais Próximo Texto: Agenda de hoje inclui lançamento de moeda Índice |
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