São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Até ave suja de óleo vira "showbiz" nos EUA

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL À LOUISIANA

Apesar de ter causado o maior vazamento de petróleo da história dos EUA, a explosão da plataforma no golfo, em 20 de abril, matou até agora apenas 779 pássaros, mamíferos e tartarugas, segundo dados oficiais.
Em 1989, centenas de milhares de animais morreram no Alasca, após o naufrágio do Exxon Valdez que despejou mais de 42 milhões de litros de óleo no mar -aproximadamente a metade do que vazou no sul do país.
"No Alasca, as aves vivem na água, e é muito frio, morrem rápido. Aqui, são menos vulneráveis, por causa do clima quente e do pequeno número de espécies que ficam pousadas na água", afirma Jay Holcomb, diretor executivo do International Bird Rescue Research Center.
O centro de pesquisas foi contratado pela BP, responsável pelo desastre, para a limpeza das aves que são capturadas sujas de petróleo -82, no total, até ontem.
Eles estão sendo encaminhados a uma das quatro unidades de reabilitação instaladas na região.

PARA A PLATEIA
Ontem, em Fort Jackson, na Louisiana, em um centro que já recebeu 63 pássaros, a Folha acompanhou a limpeza de um pelicano. O "evento" agora se tornou apresentação diária. No início da tarde, animais são limpos com óleo de canola e detergente, diante da imprensa.
O acesso às outras aves -sujas ou não- é proibido. O controle das informações acerca do acidente vem sendo criticado pela imprensa.
A BP impede seus funcionários de dar entrevistas e já foi acusada de expulsar jornalistas das praias atingidas.
"Suspeito que muitas das aves afetadas pelo óleo estejam em águas profundas, onde não podemos chegar", diz Duane Titus, gerente do centro instalado na Louisiana.
Para ele, inúmeros espécimes podem ter sido mortos antes de receber ajuda.
O acidente distante da costa, apesar de dificultar o resgate, afeta menos as aves.
"Temos um complexo sistema de rios que está mantendo o óleo afastado da costa", diz Holcomb. "Mas agora começou a temporada de furacões. Se uma tempestade atingir a área do vazamento, vai empurrar o petróleo para a costa."
Por enquanto, o pior efeito do óleo é contaminar a cadeia alimentar. A BP diz ter investido US$ 500 milhões para lidar com o problema.


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