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Até ave suja de óleo vira "showbiz" nos EUA
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL À LOUISIANA
Apesar de ter causado o
maior vazamento de petróleo
da história dos EUA, a explosão da plataforma no golfo,
em 20 de abril, matou até
agora apenas 779 pássaros,
mamíferos e tartarugas, segundo dados oficiais.
Em 1989, centenas de milhares de animais morreram
no Alasca, após o naufrágio
do Exxon Valdez que despejou mais de 42 milhões de litros de óleo no mar -aproximadamente a metade do que
vazou no sul do país.
"No Alasca, as aves vivem
na água, e é muito frio, morrem rápido. Aqui, são menos
vulneráveis, por causa do clima quente e do pequeno número de espécies que ficam
pousadas na água", afirma
Jay Holcomb, diretor executivo do International Bird Rescue Research Center.
O centro de pesquisas foi
contratado pela BP, responsável pelo desastre, para a
limpeza das aves que são
capturadas sujas de petróleo
-82, no total, até ontem.
Eles estão sendo encaminhados a uma das quatro
unidades de reabilitação instaladas na região.
PARA A PLATEIA
Ontem, em Fort Jackson,
na Louisiana, em um centro
que já recebeu 63 pássaros, a
Folha acompanhou a limpeza de um pelicano. O "evento" agora se tornou apresentação diária. No início da tarde, animais são limpos com
óleo de canola e detergente,
diante da imprensa.
O acesso às outras aves
-sujas ou não- é proibido.
O controle das informações
acerca do acidente vem sendo criticado pela imprensa.
A BP impede seus funcionários de dar entrevistas e já
foi acusada de expulsar jornalistas das praias atingidas.
"Suspeito que muitas das
aves afetadas pelo óleo estejam em águas profundas, onde não podemos chegar", diz
Duane Titus, gerente do centro instalado na Louisiana.
Para ele, inúmeros espécimes podem ter sido mortos
antes de receber ajuda.
O acidente distante da
costa, apesar de dificultar o
resgate, afeta menos as aves.
"Temos um complexo sistema de rios que está mantendo o óleo afastado da costa", diz Holcomb. "Mas agora começou a temporada de
furacões. Se uma tempestade atingir a área do vazamento, vai empurrar o petróleo para a costa."
Por enquanto, o pior efeito
do óleo é contaminar a cadeia alimentar. A BP diz ter
investido US$ 500 milhões
para lidar com o problema.
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