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Criança nasce de um óvulo amadurecido em tubo de ensaio
Canadense é a primeira a engravidar por meio de técnica que pode beneficiar pacientes de câncer que ficam inférteis
Segundo médicos,
resultados são preliminares,
e ainda não se sabe se as
crianças nascidas crescerão
sem problemas genéticos
STEVE CONNOR
DO "INDEPENDENT"
Uma mulher deu à luz o primeiro bebê concebido após um
óvulo imaturo ter sido "amadurecido" no laboratório e congelado antes de ter sido fertilizado in vitro. O procedimento
marca um importante desenvolvimento na possibilidade de
oferecer a mulheres jovens
com câncer a capacidade de reter a fertilidade após terem de
recorrer à quimioterapia.
A paciente, que não teve o
nome revelado, mora no Canadá, e seu bebê, uma menina,
passa bem, disse Hananel Holzer, médico do Centro de Reprodução da Universidade
McGill, de Montréal. Três outras mulheres engravidaram
após o mesmo procedimento.
Estimular o desenvolvimento de óvulos imaturos em tubo
de ensaio e congelá-los até o
momento de uma mulher tentar engravidar por fertilização
in vitro (FIV) era algo desafiador. Holzer e sua equipe conseguiram ambas as coisas e abriram uma esperança para mulheres com câncer ou doenças
como síndrome do ovário policístico engravidarem posteriormente, quando estiverem
saudáveis o suficiente.
Os médicos coletaram óvulos
de 20 mulheres com síndrome
do ovário policístico e os amadureceram em tubos de ensaio
usando um coquetel de nutrientes desenvolvido pelo grupo. Com o desenvolvimento
dos óvulos imaturos em laboratório, as mulheres não precisam ser submetidas a estímulo
hormonal, que é arriscado.
"Nós demonstramos pela
primeira vez que é possível fazer isso e, até agora, atingimos
quatro gestações com sucesso,
uma delas resultando no nascimento de um bebê", disse Holzer. "Outras três já estão a caminho", comentou.
Curva de aprendizado
"Os resultados [com sucesso]
são preliminares e a taxa de
gravidez está provavelmente
associada com uma curva de
aprendizado. De fato, três das
gestações foram atingidas nas
últimas cinco pacientes", afirmou o médico em encontro da
Sociedade Européia para Reprodução Humana e Embriologia, em Lyon, na França.
O grupo ainda não tentou
tratar pacientes de câncer com
a técnica, mas o método provavelmente oferece uma rota
mais segura à maternidade do
que reimplantar tecido de ovário na mulher. Isso oferece o
risco de reintroduzir células tumorais, disse Holzer.
Outros especialistas receberam bem a notícia, mas alertam
que será preciso fazer mais pesquisa antes de a técnica poder
ser considerada uma opção segura para mulheres com câncer
"Cada passo desse trabalho já
havia sido atingido, mas esta foi
a primeira vez que foram encadeados com sucesso", disse Robin Lovell-Badge, especialista
em genética do desenvolvimento no Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido.
Robert Winston, professor
emérito de estudos de fertilidade do Imperial College de Londres afirmou: "Esse é um importante passo adiante, que pode vir a ajudar mulheres com
problemas de fertilidade, incluindo aquelas submetidas a
tratamento contra câncer.
Contudo, é preciso trabalharmos muito mais para assegurarmos que não haverá defeitos
genéticos em bebês nascidos
por meio dessa técnica."
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