São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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CIÊNCIA
Estudo aponta riscos de estresse em jovens

da Reportagem Local

Jovens saudáveis que têm pai ou mãe que sofreram ataque cardíaco reagem a situações de estresse com uma elevação em seus níveis de colesterol muito maior que a de pessoas da mesma idade cujos parentes mais próximos não têm problemas cardíacos.
"Os resultados sustentam a hipótese de que a variação do colesterol em reação ao estresse tem implicações para o desenvolvimento de doenças cardíacas", disse Catherine Stoney, co-autora do estudo, publicado no último número da revista "Psychophysiology".
"Entender esses fatores irá melhorar nossa capacidade de controlar a progressão da doença", completou Stoney, que é da Universidade Estadual de Ohio, EUA.
"O estudo é interessante por mostrar a relação entre o aumento do colesterol em situação de estresse e a história de doença cardíaca na família", disse o endocrinologista Raul Maranhão, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
Maranhão observou que "o estudo reúne, numa situação experimental, vários dados que, isoladamente, já eram conhecidos".
Estresse e altos níveis de colesterol favorecem problemas cardíacos. Além disso, o estresse aumenta o nível de adrenalina e cortisol, hormônios que influem no metabolismo das gorduras, resultando na elevação do colesterol.
"A hereditariedade dos ataques cardíacos está bem estabelecida", disse Michel Batlouni, cardiologista do Instituto Dante Pazzanese. "Quem tem antecedentes familiares deve se cuidar precocemente."
Os efeitos do colesterol começam na juventude. Maranhão citou uma pesquisa feita na Guerra da Coréia com soldados norte-americanos. "Foram achadas lesões nas artérias de jovens de 18 anos."
As lesões correspondem ao depósito de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, com a formação de placas que podem obstruir a circulação. Como o processo é cumulativo, quanto mais cedo o colesterol aumentar, pior.
O estudo analisou a reação de dois grupos de universitários à falsa acusação de que teriam furtado algo em uma loja. O grupo com antecedentes familiares de problemas cardíacos teve aumento mais acentuado do nível de colesterol.
"Estudamos homens porque eles em geral têm mais aumento de colesterol pelo estresse do que as mulheres e porque sua história familiar é particularmente indicativa de mortalidade", disse Stoney.


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