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COLUMBIA
Cientistas que questionaram padrões de segurança foram demitidos em 2002; 82% querem continuar programa
Nasa sofre críticas; Bush manifesta apoio
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
manifestou ontem seu apoio ao
diretor da Nasa, Sean O'Keefe,
dois dias depois da morte de sete
astronautas no ônibus espacial
Columbia. "Vocês nos deixam orgulhosos", disse Bush em encontro de 45 minutos com O'Keefe no
Salão Oval da Casa Branca.
Apesar do apoio de Bush, as críticas à agência espacial americana
aumentaram. Um dos fatos mais
lembrados foi a demissão, no ano
passado, de membros de um comitê de segurança que tinha alertado para os riscos que os ônibus
espaciais corriam.
O Comitê de Aconselhamento
sobre Segurança Aerospacial teria
dito à direção da Nasa que os cortes no orçamento da agência estavam atrapalhando a segurança. A
resposta do órgão foi demitir cinco dos nove membros do comitê.
Um sexto integrante do grupo se
demitiu em protesto.
Em abril do ano passado, Richard Blomberg, presidente do
painel, disse ao Congresso dos
EUA: "Nunca estive tão preocupado com a segurança dos ônibus
espaciais como agora. Todos os
meus instintos sugerem que o enfoque atual está plantando as sementes para o perigo futuro".
Seymour Himmel, que estava
entre os membros despedidos do
comitê, disse ao jornal "The New
York Times": "Estávamos falando
das coisas como elas realmente
eram e discordando de algumas
das ações da agência".
A Nasa nega ter negligenciado a
segurança dos ônibus espaciais.
De acordo com Sonja Alexander,
porta-voz da agência, os membros do antigo comitê não foram
silenciados por causa de suas críticas, mas substituídos para que
"novos membros, mais jovens e
capacitados, pudessem entrar".
Pastilhas suspeitas
A Nasa anunciou ontem que já
encara o dano causado às pastilhas de isolamento térmico durante a decolagem como a causa
mais provável do acidente. Instaladas manualmente na parte inferior da nave, essas pastilhas de cerâmica isolam a fuselagem do calor de 1.260C gerado pelo atrito
da nave com o ar, na reentrada.
Quando o Columbia decolou,
dia 16 de janeiro, um pedaço da
espuma de isolamento do tanque
principal de combustível se soltou
e atingiu uma área sob a asa esquerda -o que poderia ter enfraquecido a proteção e causado o acidente.
"Todo mundo já adotou a conclusão de que essa foi a causa [do
desastre]", afirmou Bill Readdy,
um dos administradores da Nasa.
"[Mas] não estou pronto para dizer isso. Esse é o principal candidato neste momento, mas temos
de considerar outras coisas."
Ele afirmou que um relatório de
engenharia feito no 12º dia da
missão de 16 dias do Columbia
havia concluído que, mesmo se as
pastilhas estivessem danificadas,
não haveria riscos para o vôo.
Apoio popular
A tragédia do Columbia não parece ter afetado a confiança dos
norte-americanos no programa
espacial. Segundo uma pesquisa
do jornal "USA Today", da rede
CNN e do instituto Gallup, 82%
deles dizem que os vôos com ônibus espaciais devem continuar.
A pesquisa, feita anteontem, revelou que 56% dos americanos
querem que o orçamento da Nasa
permaneça o mesmo, enquanto
24% sugerem um aumento. A
confiança na capacidade da Nasa
de evitar novos acidentes é partilhada por 82% dos americanos
ouvidos. Quando o Challenger
explodiu em 1986, 80% apoiaram
a continuidade dos vôos.
Com agências internacionais
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