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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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COLUMBIA

Cientistas que questionaram padrões de segurança foram demitidos em 2002; 82% querem continuar programa

Nasa sofre críticas; Bush manifesta apoio

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush manifestou ontem seu apoio ao diretor da Nasa, Sean O'Keefe, dois dias depois da morte de sete astronautas no ônibus espacial Columbia. "Vocês nos deixam orgulhosos", disse Bush em encontro de 45 minutos com O'Keefe no Salão Oval da Casa Branca.
Apesar do apoio de Bush, as críticas à agência espacial americana aumentaram. Um dos fatos mais lembrados foi a demissão, no ano passado, de membros de um comitê de segurança que tinha alertado para os riscos que os ônibus espaciais corriam.
O Comitê de Aconselhamento sobre Segurança Aerospacial teria dito à direção da Nasa que os cortes no orçamento da agência estavam atrapalhando a segurança. A resposta do órgão foi demitir cinco dos nove membros do comitê. Um sexto integrante do grupo se demitiu em protesto.
Em abril do ano passado, Richard Blomberg, presidente do painel, disse ao Congresso dos EUA: "Nunca estive tão preocupado com a segurança dos ônibus espaciais como agora. Todos os meus instintos sugerem que o enfoque atual está plantando as sementes para o perigo futuro".
Seymour Himmel, que estava entre os membros despedidos do comitê, disse ao jornal "The New York Times": "Estávamos falando das coisas como elas realmente eram e discordando de algumas das ações da agência".
A Nasa nega ter negligenciado a segurança dos ônibus espaciais. De acordo com Sonja Alexander, porta-voz da agência, os membros do antigo comitê não foram silenciados por causa de suas críticas, mas substituídos para que "novos membros, mais jovens e capacitados, pudessem entrar".

Pastilhas suspeitas
A Nasa anunciou ontem que já encara o dano causado às pastilhas de isolamento térmico durante a decolagem como a causa mais provável do acidente. Instaladas manualmente na parte inferior da nave, essas pastilhas de cerâmica isolam a fuselagem do calor de 1.260C gerado pelo atrito da nave com o ar, na reentrada.
Quando o Columbia decolou, dia 16 de janeiro, um pedaço da espuma de isolamento do tanque principal de combustível se soltou e atingiu uma área sob a asa esquerda -o que poderia ter enfraquecido a proteção e causado o acidente.
"Todo mundo já adotou a conclusão de que essa foi a causa [do desastre]", afirmou Bill Readdy, um dos administradores da Nasa. "[Mas] não estou pronto para dizer isso. Esse é o principal candidato neste momento, mas temos de considerar outras coisas."
Ele afirmou que um relatório de engenharia feito no 12º dia da missão de 16 dias do Columbia havia concluído que, mesmo se as pastilhas estivessem danificadas, não haveria riscos para o vôo.

Apoio popular
A tragédia do Columbia não parece ter afetado a confiança dos norte-americanos no programa espacial. Segundo uma pesquisa do jornal "USA Today", da rede CNN e do instituto Gallup, 82% deles dizem que os vôos com ônibus espaciais devem continuar.
A pesquisa, feita anteontem, revelou que 56% dos americanos querem que o orçamento da Nasa permaneça o mesmo, enquanto 24% sugerem um aumento. A confiança na capacidade da Nasa de evitar novos acidentes é partilhada por 82% dos americanos ouvidos. Quando o Challenger explodiu em 1986, 80% apoiaram a continuidade dos vôos.


Com agências internacionais


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