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Nobel britânico propõe debater discriminação
DA REUTERS
Um dos principais cientistas do
Reino Unido, Paul Nurse, manifestou ontem seu receio a respeito
da discriminação genética, se o
público não se preparar para os
avanços médicos previstos para
as próximas duas décadas.
Nurse, Prêmio Nobel de Medicina em 2001 e diretor-executivo
da instituição sem fins lucrativos
Cancer Research UK, disse que o
sequenciamento individual do
genoma, capaz de revelar a suscetibilidade a doenças, pode se tornar comum em 20 anos.
Existe a previsão de que os
avanços na genética iniciem uma
era de medicina personalizada e
de tratamentos preventivos, mas
isso também poderia levar à discriminação de pessoas com defeitos genéticos por parte de seguradoras e empregadores.
"Esse assunto é importante demais para ser deixado apenas nas
mãos dos cientistas e dos estrategistas políticos", disse Nurse num
encontro patrocinado pela Royal
Society, a academia de ciências do
Reino Unido.
"Nos próximos anos, o público
terá mais e mais oportunidades
de fazer testes genéticos e especular sobre seu destino genético,
mas a legislação tem de acompanhar a tecnologia e ajudar a criar
uma sociedade justa e equitativa."
Sem debate público e controles
apropriados, Nurse teme que as
pessoas sejam discriminadas por
causa de suas características genéticas. "Precisamos discutir o que a
genética pode e não pode realizar,
e que tipo de sociedade queremos
ter como resultado disso."
Nurse salientou que o cientista
americano Craig Venter já está
oferecendo a pessoas abastadas a
oportunidade de comprar um
mapa de todos os seus genes por
US$ 710 mil. Mas Nurse diz que,
no futuro não muito distante, o
sequenciamento do genoma de
um indivíduo será rotineiro.
Parlamentares, cientistas, estrategistas políticos e representantes
da sociedade participam da conferência. A Royal Society disse
que organizou o encontro para
assegurar que as opiniões do público sejam ouvidas nas decisões
sobre testes genéticos.
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