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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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Nobel britânico propõe debater discriminação

DA REUTERS

Um dos principais cientistas do Reino Unido, Paul Nurse, manifestou ontem seu receio a respeito da discriminação genética, se o público não se preparar para os avanços médicos previstos para as próximas duas décadas.
Nurse, Prêmio Nobel de Medicina em 2001 e diretor-executivo da instituição sem fins lucrativos Cancer Research UK, disse que o sequenciamento individual do genoma, capaz de revelar a suscetibilidade a doenças, pode se tornar comum em 20 anos.
Existe a previsão de que os avanços na genética iniciem uma era de medicina personalizada e de tratamentos preventivos, mas isso também poderia levar à discriminação de pessoas com defeitos genéticos por parte de seguradoras e empregadores.
"Esse assunto é importante demais para ser deixado apenas nas mãos dos cientistas e dos estrategistas políticos", disse Nurse num encontro patrocinado pela Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido.
"Nos próximos anos, o público terá mais e mais oportunidades de fazer testes genéticos e especular sobre seu destino genético, mas a legislação tem de acompanhar a tecnologia e ajudar a criar uma sociedade justa e equitativa."
Sem debate público e controles apropriados, Nurse teme que as pessoas sejam discriminadas por causa de suas características genéticas. "Precisamos discutir o que a genética pode e não pode realizar, e que tipo de sociedade queremos ter como resultado disso."
Nurse salientou que o cientista americano Craig Venter já está oferecendo a pessoas abastadas a oportunidade de comprar um mapa de todos os seus genes por US$ 710 mil. Mas Nurse diz que, no futuro não muito distante, o sequenciamento do genoma de um indivíduo será rotineiro.
Parlamentares, cientistas, estrategistas políticos e representantes da sociedade participam da conferência. A Royal Society disse que organizou o encontro para assegurar que as opiniões do público sejam ouvidas nas decisões sobre testes genéticos.

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